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Mês: dezembro 2012

Podemos mudar a vida do nosso semelhante ao nos interessarmos genuinamente por ele, sem esperar nada em troca.

Francisco era o tipo de sujeito que não se empolgava com a proximidade do Natal. Aliás, tampouco conseguia entender porque as pessoas ficam tão sensíveis durante essa época do ano. Por outro lado, não dá para dizer que repudiasse tudo o que cerca a celebração do nascimento do Menino Jesus. Ele só permanecia indiferente.

Morando sozinho num grande apartamento, separado e sem filhos, com os pais já falecidos e os irmãos residindo em cidades distantes, vivia recluso a maior parte do tempo e seus poucos colegas eram pessoas que trabalhavam na empresa que ele dirigia.

E esse Natal tinha tudo para ser igual aos outros. Já em férias, a programação para o dia 24 à noite era pedir alguma coisa pelo disque-entrega e sintonizar os canais de filmes na TV a cabo. “Não gosto de sair de casa em dias assim. Ficar desejando ‘Feliz Natal’ pra todo mundo não é a minha praia!”, costumava dizer.

No entanto, os planos dele acabaram mudando abruptamente. Na tarde do mesmo dia 24, logo que chegou ao condomínio que mora, foi abordado no elevador por um vizinho que costuma cumprimentá-lo. E após uma breve troca de gentilezas, ouviu a pergunta: “O que você vai fazer na noite de hoje?” Sem saber direito o que responder, Francisco foi direto: “Acho que vou ficar em casa mesmo”.

Como o morador conhecia seu peculiar isolamento, fez a proposta: “Já que você não tem compromisso programado, por que não vem passar a noite de Natal conosco? Vai ser simples e creio que vai se divertir bastante”. Francisco até tentou esboçar uma negativa, mas, surpreso com o convite, acabou respondendo que sim.

Porém, foi só abrir a porta da sua residência e vários pensamentos começaram a atormentá-lo. “O que vou fazer hoje à noite na casa deles? Nem conheço direito essas pessoas!” E, sem saber direito o que fazer, decidiu: “Eu passo por lá e fico alguns minutos. Faço o meu social, não me indisponho com ninguém e depois volto para casa”.

Às 21h00, conforme o combinado, João apareceu no apartamento 403. Tocando a campainha, foi recebido por um garotinho de dez anos todo sorridente. “Oi tio, tudo bem? Que bom que você veio!” Cumprimentou todas as dez pessoas presentes e, passados trinta minutos, já se sentia confortável a ponto de falar um pouco sobre a sua vida, o que era incomum àquele homem.

Participou de um animado amigo-secreto de última hora, mostrou às três crianças o único truque de mágica que conhecia e também ajudou o casal de anfitriões a pôr o jantar à mesa. Depois, acompanhou silenciosamente a oração conduzida pela família que o recebia e, pela primeira vez em muitos anos, conseguiu se emocionar ao ver o presépio que enfeitava a sala-de-estar.

Horas depois, ao se despedir de todos, ele mesmo já se via como alguém mais humano e acolhedor. Capaz de surpreender o porteiro ao saudá-lo às 2h30 da manhã com um alegre “Feliz Natal, Seu Jonas!” e de telefonar para os familiares no dia seguinte pela manhã a fim de saber como estavam.

O que será que aconteceu com o Francisco na noite de Natal? Ele redescobriu o valor da convivência e a alegria de compartilhar. E aprendeu como um ser humano pode mudar a vida do seu semelhante ao interessar-se de modo genuíno e sem esperar nada em troca.

Obteve a graça de saber a tempo que entrega à vida muito menos do que ela lhe dá, mas isso vai mudar logo. Como disse há pouco: “Finalmente acordei”.

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