Dois monges em peregrinação chegaram à margem de um rio. Lá avistaram uma garota que também necessitava atravessá-lo, porém a correnteza estava muito forte e ela ficou com medo. Percebendo isto, um dos monges colocou-a em seus braços, atravessou-a e a deixou em solo seco do outro lado. Em seguida os dois religiosos continuaram seu caminho.

Todavia, o outro monge, ao longo das duas horas seguintes, ficou a reclamar: “- Não é certo tocar numa mulher, além de tudo é contra os mandamentos ter contato íntimo com mulheres. Como você pode ir contra as leis da nossa ordem? Você pecou gravemente!”

Enquanto isto, o monge que carregara a jovem seguia em silêncio junto com o companheiro, até que finalmente observou: “- Eu a deixei no rio há duas horas. Por que você ainda a está carregando?”

Muita gente continua a carregar em suas costas aquilo que já devia ter deixado para trás há muito tempo. Por conseguinte, em vez de olhar para o futuro, estas pessoas lamentam oportunidades perdidas, a infelicidade resultante de um acaso qualquer, o entrevero que tiveram com o chefe há vários meses e muitas outras coisas que poderiam ter pouco valor se o foco delas estivesse voltado para aquilo que podem fazer com o presente que desfrutam e o futuro que virá.

O fim do ano é um tempo muito propício para reflexões e vale a pena aproveitar este período avaliando quais foram as vitórias particulares que merecem ser comemoradas, os erros que trouxeram aprendizados vitais e os obstáculos que ajudaram a solidificar seu caráter, tanto positiva quanto negativamente.

Em termos profissionais, aproveite também para analisar qual o legado que você deixou à organização onde trabalha, as conquistas que ajudou a tornar realidade e as contribuições reais que fizeram de você um colaborador imprescindível? Em suma, quais as metas que não seriam atingidas sem a sua real contribuição?

Além disto, se um biógrafo escrever futuramente a história de sua vida, o que registrará quando tiver que detalhar as realizações de 2009? Uma pergunta que, concordo, exige algum tempo para ser respondida, pois até mesmo na vida de quem admiramos há períodos inteiros sem fatos que mereçam registro, pelo menos no olhar de quem decidiu contar a história daquela pessoa.

Os biógrafos se defendem afirmando que os indivíduos pesquisados fizeram muitas coisas durante o período que passou em branco na obra escrita, mas nada que fosse realmente especial e os ajudasse a descrever feitos memoráveis. Infelizmente, isto também é comum nas companhias, pois muitos profissionais simplesmente passam pelas organizações ano após ano com o botão do “piloto automático” sempre ligado.

Só para constar, todos nós entramos no piloto automático de tempos em tempos, mas alguns insistem por permanecerem letárgicos quando simplesmente poderiam acordar e acompanhar as mudanças que ocorrem em suas carreiras e nas empresas onde trabalham. A fim de evitar isto, destaco três atitudes necessárias para 2010:
– Leia tudo aquilo que contribua para elevar sua capacidade crítica, incluindo obras clássicas de literatura e as principais revistas da sua área;
– Converse periodicamente com profissionais que podem ser classificados como visionários e realizadores;
– Defina metas pessoais claras e motivadoras que sirvam de orientação e estímulo para seu trabalho cotidiano.

Quando alguém para de carregar aquilo que o atrapalha a ser uma pessoa melhor, invariavelmente também se torna um profissional mais admirável. Sair do piloto automático e deixar o velho para trás são decisões que certamente nos ajudarão a ter um feliz e próspero ano novo!