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A rede de conhecidos

Segundo pesquisa, 59% das vagas nas companhias brasileiras em 2011 foram preenchidas por meio da rede de contatos profissionais.

É cada vez mais comum encontrar empresários que lamentam as dificuldades que as suas companhias enfrentam ao saírem a campo para contratarem profissionais que supram as demandas existentes em seus quadros. No entanto, muita gente vivencia o mundo do trabalho de uma forma bem diferente.

Profissionais altamente qualificados e que se encontram fora do mercado de trabalho já há algum tempo ou aceitando posições inferiores à sua competência porque precisam suprir suas necessidades básicas. Caso pudessem, diriam a tais empresários: “Estou aqui! Por que você não me vê?”

A Catho, empresa de classificados online de currículos e empregos, conduziu recentemente uma pesquisa com mais de 46 mil executivos de todo o país que revelou ser o networking a principal fonte de contratação para as suas companhias. Segundo os entrevistados, 59% dos profissionais que assumiram posição em 2011 vieram da rede de relacionamentos mantida por seus colaboradores internos, 11% chegaram graças aos sites de classificados online e 6% foram selecionados após o envio do currículo por meio dos próprios sites corporativos, enquanto que 5% vieram de agências de empregos e outros 5% por meio de anúncios em jornais e revistas.

O fato que pouco se explora nos resultados de tais pesquisas é o de que as indicações de empregos são feitas muito mais por conhecidos do que por amigos. Por definição, enquanto estes são pessoas com quem se conserva uma relação frequente e na qual há envolvimento pessoal, aqueles são indivíduos com os quais você ainda poderá estabelecer uma amizade, mas que até o presente momento contenta-se em saber o nome, cumprimentar e trocar breves palavras quando os encontra.

Amigos fazem parte de um sistema fechado de relacionamentos. Depois de algum tempo de convivência a tendência é de que se torne cada vez mais difícil surpreender-se com algo que eles façam

Mas, por que as pessoas indicam mais conhecidos do que amigos para vagas de emprego? Sempre existe um risco a ser administrado por quem indica, já que aquele que recomenda outro profissional avaliza a contratação deste. Em suma, tanto poderá receber agradecimentos da direção quanto “queimar o filme”, dependendo daquilo que o profissional em questão fizer à frente.

Utilizando como metáfora a Teoria dos Sistemas, amigos fazem parte de um sistema fechado de relacionamentos. Depois de algum tempo de convivência a tendência é de que se torne cada vez mais difícil surpreender-se com algo que eles façam, afinal de contas vocês já tiveram a oportunidade de conhecer os interesses, virtudes e dificuldades uns dos outros. Os mesmos assuntos quase sempre dominam as conversas e pouco daquilo que é expresso realmente contribui para o crescimento, mesmo que a interação seja agradável.

Já os seus conhecidos, pessoas com as quais alimenta um relacionamento de “olá”, fazem parte de um sistema aberto, composto de entradas e saídas. Por isto, mesmo nas mais simples conversas informais tendem a surgir novidades e surpresas positivas, o que confere uma primeira impressão empolgante sobre aqueles e justifica a lembrança na hora de indicar alguém para uma oportunidade de emprego.

É claro que você e seus conhecidos nem sempre estabelecem percepções animadoras acerca um do outro, mas quando isto ocorre, aqueles dez minutos de conversa informal são cristalizados na memória, perdurando até que haja uma interação mais profunda.

Neste sentido, redes sociais como o Facebook e o LinkedIn realmente têm proporcionado uma série de contribuições à carreira de muita gente, já que se dirigem ao rol de conhecidos que precisam continuar lembrando quem você é. Demanda diferente dos amigos, que exigem convivência presencial.

Por isto, pense bem antes de postar na web aquela foto da última bebedeira, afinal de contas a sua rede de conhecidos absorve rapidamente – e sem filtros – aquilo que você publica sobre si mesmo. Seu amigo perdoaria esta falha, mas o conhecido não. Ah, e nenhum dos dois o indicaria a uma futura vaga de emprego.

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