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A cultura da gambiarra

Tapar buracos não resolve e apenas posterga as providências necessárias para a resolução definitiva dos problemas, além de gerar desperdícios ao demandar em curto prazo o retrabalho.

cultura-gambiarraVocê já ouviu falar em “operação tapa-buraco”? Trata-se de uma expressão popularmente utilizada quando a ação emergencial escolhida remedia a situação de qualquer maneira, resolvendo o problema apenas provisoriamente. O emprego desse termo pode ser melhor compreendido ao analisarmos o seguinte exemplo: inúmeras ruas, avenidas e rodovias do nosso país se encontram em péssimas condições de preservação e a solução encontrada por boa parte dos gestores públicos se resume a um composto asfáltico que meramente “maquia” os buracos.

Perceba que no exemplo citado disfarçar os buracos não resolve, apenas reduz as reclamações dos usuários – pelo menos até a próxima chuva – e posterga as providências necessárias para resolução definitiva do problema, gerando desperdícios ao demandar em curto prazo o retrabalho. O problema não é simplesmente fazer de novo, mas sim deixar de realizar uma atividade que já estava programada para corrigir algo mal feito, duplicidade essa que provoca queda da produtividade, multiplicação de custos e atrasos na rotina.

Dentro das organizações a postura de “tapar buracos” também tem se tornado comum com a utilização do RTP (Recurso Técnico Provisório), termo técnico que alguns profissionais usam para se referir à conhecida “gambiarra”, que pode ser exemplificada tanto no emprego de artefatos ou qualquer outro recurso – exceto os recomendados – para consertar um equipamento quanto na alocação de profissionais para repor a saída de um colaborador ou até mesmo durante uma promoção.

Esse tipo de prática tem elevado os custos nas empresas já que não resolve definitivamente o problema e, em alguns casos, desencadeia outros ainda maiores. Porém, concordo que em situações emergenciais algo precisa ser feito o quanto antes e nessas horas algumas soluções paliativas podem ser a melhor ou a única alternativa, mas que sejam realmente temporárias, não definitivas, pois caso contrário outras urgências surgirão e você jamais encontrará tempo para agir de forma efetiva e eliminar a causa do problema.

Conheço profissionais que acreditam serem mais valorizados nas organizações onde atuam justamente pela capacidade de sempre encontrarem um “jeitinho mais fácil” de resolver os problemas. Porém, ao conversar com seus colegas de trabalho é possível perceber que a credibilidade desse profissional “milagroso” é na realidade duvidosa, já que o retrabalho é comum nas atividades por ele desenvolvidas. Ou seja, a imagem de “herói” desse tipo de profissional dá lugar à de “bandido”, já que uma empresa, que deve ser composta por profissionais qualificados e entregar produtos e/ou serviços competitivos, não pode viver de gambiarras e pensar que o resultado ainda assim será positivo.

Lembre-se que não basta atenuar ou adiar a solução de um problema, pois além de consumir mais recursos o retrabalho normalmente também prejudica direta ou indiretamente outras operações dentro da organização. Portanto, ao se deparar com uma operação “tapa-buraco” que nunca evolui para um recapeamento geral, saiba que ali existe um problema que precisa ser resolvido urgentemente. Pense bem!

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