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Como vencer num novo mundo sem script

Somos doutrinados a lidar com aquilo que é conhecido. O problema é que cada vez mais temos de superar obstáculos que ninguém jamais enfrentou.
script
Vivemos numa era na qual é cada vez mais comum presenciarmos grandes rupturas que remexem tudo ao redor.

Embasado em poucas teses mal aceitas de que a terra teria um formato esférico – na época acreditava-se que era plana –, o navegador genovês Cristóvão Colombo (1451-1506) dedicou sua vida a provar que havia um caminho mais curto para chegar até as Índias seguindo pelo oeste.

Contudo, não foi nada fácil vender esta ideia a quem poderia bancar os custos de uma empreitada rumo ao desconhecido. Depois de apresentar aos reis de Portugal, França e Inglaterra seu plano de chegar ao Oriente cruzando o Atlântico e fracassar, o navegador só conseguiu apoio dos reis espanhóis após seis longos anos de negociação.

Novas descobertas

Apenas esta pequena parte da história já mostra que se tratava de um homem arrojado, com natureza empreendedora e que apreciava o desconhecido. Entretanto, como ocorre geralmente com quem aposta alto, muita gente daquele tempo desprezava as suas ideias, o via como um lunático irresponsável e apelava tentando ridicularizá-lo por ser estrangeiro.

E quando a maioria das pessoas em tal situação escolheria recuar, ele foi ainda mais longe. Além de exigir navios e uma tripulação experiente, só aceitou iniciar a viagem após acordar com os reis espanhóis algumas recompensas em caso de sucesso: tornar-se parte da realeza, ficar com 10% de tudo aquilo que fosse conquistado e receber o título de governador das novas terras. Já que a coroa espanhola tinha pouco a perder e muito a ganhar se ele estivesse correto – e nenhum outro navegador apresentava disposição para tamanho risco –, acabou aceitando as condições impostas.

A vida de Cristóvão Colombo é um perfeito exemplo de quão importantes são as pessoas arrojadas e como a história é escrita por elas, porém a educação em curso há muito tempo só prepara os indivíduos para enfrentarem aquilo que já é conhecido. Não há nada de errado nisto quando precisamos superar um velho desafio; o problema é que no mundo atual cada vez mais temos de navegar aonde impera a incerteza, como ocorreu a Colombo.

Precisamos de desafios

Dias atrás conduzi uma dinâmica de grupo na qual as pessoas tinham que realizar uma tarefa que não estava clara para a maioria dos integrantes do jogo e como eles não se deram conta disto, acabaram fornecendo a resposta errada. No momento em que passamos a discutir os comportamentos individuais e levantamos os fatores que impediram o sucesso coletivo, uma participante comentou: “É fácil nos sentirmos tolos quando lidamos com um problema pela primeira vez”.

Repito: somos doutrinados a lidar com aquilo que é conhecido, porém vivemos numa era na qual é cada vez mais comum presenciarmos grandes rupturas que remexem tudo ao redor e precisam ser rapidamente assimiladas. Por conseguinte, é um grande equívoco acreditar que as empresas aguardarão pacientemente seus colaboradores absorverem os novos paradigmas a conta-gotas, como era comum tempos atrás.

Além disso, se competência tinha a ver com a capacidade de solucionar os enigmas velhos e já catalogados, hoje somos verdadeiramente competentes quando reunimos todos os conhecimentos e experiências adquiridas ao longo da vida e solucionamos – sem script, receita ou modelo – novos desafios que nos são impostos.

É por isto que precisamos nos desafiar constantemente. Buscar o novo que desacomoda até mesmo nas coisas mais simples e reorganizar constantemente os recursos disponíveis para desenvolver e atualizar nossas competências. Afinal, o futuro – que já bate à nossa porta –, será maravilhoso para quem aprecia a incerteza e desesperador para quem lamenta que as coisas não são mais como antes.

Quem é arrojado sabe que a desconfiança generalizada é regra, os riscos são tão altos quanto as recompensas, seu plano pode não dar certo e eventuais catástrofes estão entre os desfechos possíveis. Mas assim mesmo segue adiante porque não tem medo de descobrir novos mundos e fazer parte da história.

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