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Dia Nacional do Livro. E o brasileiro, pode comemorar?

Ler para poder Crescer! Com menos de 2 livros por ano, como fica a “estatura” do povo brasileiro?

29/10 - Dia Nacional do Livro. E o brasileiro, pode comemorar?Nesta terça-feira, 29, comemora-se o Dia Nacional do Livro. Mas será que o Brasil pode celebrar o crescimento e a maturidade dos seus leitores?
Antes, um pouco de história. Esta data foi estabelecida pelo fato histórico de 1810, quando a Real Biblioteca Portuguesa, transferida para o Brasil, trouxe um rico acervo com mais de sessenta mil objetos, dentre livros, manuscritos, mapas, medalhas e moedas para a fundação da Biblioteca Nacional.

As edições brasileiras tiveram início em 1808, período em que D. João VI fundou a Imprensa Régia. No mesmo ano surgiram os primeiros jornais, o “Correio Brasiliense”, impresso em Londres e distribuído na colônia por Hipólito José da Costa, e o primeiro jornal impresso no país, “Gazeta do Rio de Janeiro”, com ares venezianos (“La Gazette”, de 1632). O primeiro livro editado por aqui foi “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga. Naquela época, o imperador fazia uma leitura prévia dos livros para liberar (censurar) ou não o seu conteúdo.

Em 1925, o escritor e editor Monteiro Lobato, autor do Jeca Tatu e do Sítio do Pica-Pau Amarelo, fundou a Companhia Editora Nacional, contribuindo para largo crescimento editorial no Brasil.

De um salto para 1950, o advento dos televisores, num contexto maciçamente rural, provocou significativas mudanças de comportamento. A cultura da leitura entre os brasileiros é frágil por uma série de fatores, mas foi na década de 60, com o êxodo rural, num período em que mais de 200 mil aparelhos de televisão eram sensações em vários lares (multiplicando-se rapidamente a cada ano), que o povo brasileiro passou do analfabetismo direto para a TV, sem passar por bibliotecas, escolas e muito menos adquirindo o hábito de ler.

E nos dias atuais?
O índice de leitura do brasileiro é considerado muito baixo: 1,85 livro por ano. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-Leitura, entrevistou mais de 5 mil pessoas em 315 municípios em diferentes regiões do país. Em 2007, a mesma pesquisa apontava a média de 2,4 livros.

Especialistas discutem que, dentre as medidas de incentivo, investir no professor (e não apenas no aluno) faz parte de uma mudança neste cenário, uma vez que o profissional não tem renda suficiente para adquirir e ler livros com frequência. E ainda defende a adoção de políticas públicas para melhorias nos acervos das bibliotecas, que permitam, além do acesso, melhor infraestrutura e investimentos em tecnologia, a motivação necessária para conteúdos atualizados em sala de aula.

Considerando que “ler” é um (bom) hábito, não podemos deixar de vincular a tradição ao exemplo de casa. Ler não é uma questão de “gostar”, como ouvimos por aí, mas sim um hábito que criamos. Mesmo que a geração seguinte àquela proveniente do êxodo rural tenha sido alfabetizada, isso não significa que ela foi incentivada à prática da leitura, até porque, certamente, não teve tal modelo para seguir.

Se os pais não leem, mas permitem horas ‘investidas’ em frente à TV, games e outras tecnologias, não adianta colocar a culpa da falta de leitores nas escolas. “É preciso encontrar formas de tornar a leitura uma atividade prazerosa e isto passa, é claro, pela escolha de obras adequadas para este protoleitor. Além disto, a família possui um papel central: quando as crianças e adolescentes veem seus pais lendo, geralmente há uma grande probabilidade de que também se tornem bons leitores”, afirma Wellington Moreira, consultor empresarial.

Quanto ao professor, Moreira atenta para a pergunta que deve provocar nossa reflexão: “será que eles estão lendo aquilo que precisam ler? Em meio a tantos lançamentos de obras e novas revistas especializadas que pipocam por todos os lados, muitos professores têm ficado perdidos, não apenas por falta de leitura, mas também porque não conseguem separar aquilo que é relevante do que deve ser descartado”, orienta.
Na contramão dos baixos índices de leitores, a quantidade de livros produzidos no país cresceu nos últimos anos. Uma pesquisa da Câmara Brasileira do Livro traz que a produção anual é de 500 milhões de exemplares, em média, ou seja, 2,5 livros para cada brasileiro. Somos o nono maior mercado editorial do mundo, com faturamento de R$ 6,2 bilhões, e cada vez mais encarados como ‘mercado potencial’ para as editoras estrangeiras. Sem contar os esforços comerciais e incentivos para que o livro esteja à disposição do comprador, como é caso das bem sucedidas vendas em catálogos e revistas de cosméticos.image006

Segundo o editor e colunista Danilo Venticinque, a contradição precisa ser analisada com responsabilidade num país em que há poucas livrarias, as bibliotecas públicas estão abandonadas e 20% das pessoas entre 15 e 49 anos de idade são analfabetas funcionais. “Há outra metade. São 88,2 milhões de leitores. Alguns se dedicam mais à leitura; outros, provavelmente a maior parte deles, são leitores ocasionais. Há um enorme potencial para crescimento…” O editor defende que os brasileiros começaram a ler, mas falta começarmos a mudar o discurso. “Em vez de reclamar dos brasileiros que não leem, os brasileiros que leem deveriam se esforçar para espalhar o hábito da leitura. Espalhar clichês pessimistas não vai fazer ninguém abrir um livro”, debate.

Contradições à parte, uma tendência é notória: quanto mais avançam as tecnologias, menor é o interesse por livros, jornais impressos e revistas, em especial entre os jovens. “Temos a impressão de que, se pararmos para ler um livro, estamos perdendo tempo, pois temos à disposição milhares de informações na internet, em nossos smartphones, que acessamos com apenas alguns cliques. Mas com toda essa pressa, o que se vê é o aumento da “superficialidade”, no sentido de que as pessoas não conseguem se aprofundar ou mesmo parar para refletir em suas buscas, seus estudos”, comenta o consultor empresarial.

Diante da necessidade de ser mais veloz, os cursos de leitura dinâmica nunca faturaram tanto. O objetivo é captar as informações e o conhecimento da forma mais rápida possível. Aí surge mais uma dúvida, será que essas pessoas processam o que leem, ou apenas decoram para o tempo que precisam, sem aprender algo, de fato?

Uma matéria da revista Superinteressante de fevereiro traz que “2013 foi o ano do livro digital”, considerado uma revolução no Brasil após a estreia da Amazon (com seu leitor eletrônico (e-book), Kindle), a canadense Kobo (rival da Amazon) e a loja de livros digitais do Google no final de 2012, melhorando, consideravelmente, os preços e o acervo. Só para se ter uma ideia, no começo de 2012 o país tinha 6 mil livros digitais em português e no mesmo período, em 2013, 15 mil.

A facilidade e a comodidade de ter o livro a um clique parece trazer uma boa expectativa para o hábito de ler. Nos países em que o livro digital já faz parte da cultura, as pessoas começaram a ler mais. A mesma matéria da Superinteressante diz que “uma pesquisa da Pew Research Center, nos EUA, mostrou que os leitores de e-books leem 24 livros por ano, ante 15 livros para quem se mantém fiel apenas ao impresso”. A facilidade não está apenas na forma de adquirir o livro, sem perder tempo, gasolina e estresse no trânsito. Mas também na forma de ler, onde uma palavra desconhecida é facilmente “desvendada” com mais outro clique. E você ainda pode marcar a leitura sem manchar os dedos com a tinta amarela da caneta grifa-texto. Sem contar que pode observar as marcações feitas por outros leitores.

Mas e o livro de papel, está fadado ao esquecimento? Claro que não. Mesmo os adeptos à leitura digital gostam de exibir uma estante cheia de livros. Isso também é cultural! E as editoras têm inovado desde a arte, tipo do papel, aromas, novidades na impressão, tudo para sobreviver no mercado, perpetuando a paixão em folhear um bom livro. Há quem diga ser viciado “no cheiro” de um belo exemplar, seduzido simplesmente ao passar em frente de uma livraria.

E se ler nos ajuda a crescer, mesmo sendo considerados “baixinhos” nos números, nunca é tarde para mudar o comportamento (e o futuro). Mais uma dica do consultor: “Comece hoje mesmo! Você também pode compartilhar sobre o livro que está lendo e incentivar novos bons hábitos”, sugere Wellington.

Fontes:
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/espontaneamente-brasileiro-le-apenas-1-livro-por-ano
http://www.tudosobretv.com.br/histortv/historbr.htm#
http://ahduvido.com.br/os-10-paises-mais-inteligentes-do-mundo
http://super.abril.com.br/cultura/brasileiro-le-pouco-610918.shtml
http://www.nomundoenoslivros.com/2010/11/brasileiro-le-pouco-e-voce-sabe-por-que.html
http://revistaepoca.globo.com/cultura/danilo-venticinque/noticia/2013/06/o-brasileiro-nao-le.html
http://super.abril.com.br/cultura/2013-ano-livro-digital-740039.shtml

Sugestão para entrevista: Wellington Moreira é palestrante e consultor empresarial da Caput Consultoria. É professor universitário em cursos de graduação, mestre em Administração de Empesas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é especialista em Comunicação Empresarial. É autor de três livros publicados, entre eles “O Gerente Intermediário” (Ed. Qualitymark, 2010), que já se tornou uma das principais referências de estudos para quem assume a primeira posição de liderança numa empresa. Também é membro do Instituto Brasileiro de Consultores Organizacionais (IBCO) e colunista de jornais e portais na internet.

Sugestão de artigo: http://www.caputconsultoria.com.br/artigos/334-como-as-pessoas-aprendem-hoje-em-dia

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