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A indústria do alarmismo

Ignorar a probabilidade de uma crise macroeconômica que o afete não é sensato, mas se deixar levar pela propaganda fatalista é muito pior.

panic artigoQuem possui o hábito de absorver aquilo que escuta sem espírito crítico e ainda tem preguiça de ler qualquer coisa com mais de três parágrafos já foi cooptado pela indústria do alarmismo que há algum tempo, adora propagar notícias apocalípticas e diz para si mesmo todos os dias.

Ignorar a probabilidade de uma grave crise econômica pela simples decisão de fechar os olhos para tudo o que é noticiado não é uma medida sensata, mas se deixar levar pela propaganda fatalista que se ouve por aí é muito pior. Como disse um amigo empresário dias atrás, o “efeito manada” está dando o ar da graça como nunca neste momento.

Até me faz lembrar aquela velha historinha do Seu Zé que vendia um delicioso cachorro-quente e primava por oferecer o melhor aos seus clientes até que seu filho economista começou a alertá-lo sobre uma grande crise que o país passaria e as imensas dificuldades que pequenos comerciantes como ele teriam de enfrentar.

Depois de ouvi-lo pregar por diversas vezes os tempos vindouros difíceis, o pequeno empresário resolveu diminuir seus custos passando a comprar um pão de qualidade inferior, molhos prontos em grande quantidade – que renderiam mais – e as salsichas de um outro fornecedor que cobrava bem barato. Com o tempo, a freguesia da barraquinha do Seu Zé foi diminuindo, os clientes que marcavam presença toda semana já não apareciam mais e realmente as coisas foram se complicando financeiramente. No final daquele ano Seu Zé concluiu que seu filho tinha razão: a crise havia chegado.

É natural que fiquemos preocupados com as notícias que reforçam a possibilidade de uma grave recessão macroeconômica e cautelosos – o que é saudável até certo ponto –, mas você acha sinceramente que os clientes “desaparecidos” do Seu Zé pararam de comer cachorro-quente? Eles foram para a concorrência.

Reinvente-se

O ano será difícil para quem ainda não entendeu que no mundo dos negócios a única certeza é a incerteza e as empresas lentas são atropeladas pelo rolo compressor das mudanças. Quem sabe se reinventar com rapidez, não fica adiando as decisões que precisam ser tomadas e adora desafios não tem o que temer.

Outra coisa importante é lembrar que anos de aperto são ótimos para se fazer tudo aquilo que você já reconhece que deve ser transformado em seu negócio e não tinha energia para empreender durante os tempos de bonança. Ou seja, o incômodo atual tem tudo para exigir mudanças que provocarão uma nova espiral de crescimento.

Uma boa parcela do empresariado brasileiro aceita notícias ruins como verdade absoluta. Tem apreço pela tragédia e ignora a capacidade que o ser humano tem de fazer com que suas crenças se tornem realidade – tanto as positivas quanto as que não são. Aquilo que o sociólogo norte-americano Robert Merton descreveu cientificamente como Profecia Auto-realizadora e que no contexto atual a sabedoria popular chamaria de “se você só pensa em desgraça, ela vai bater em sua porta”.

Faça a diferença

Agora é que grandes líderes demonstram o real valor que têm. São inspiradores, apresentam caminhos alternativos de atuação e põem a mão na massa. E também é agora que assistimos líderes equivocados transmitirem um semblante de quem não tem a mínima ideia do que fazer ou, ainda pior, amedrontam as pessoas que trabalham ao seu lado.

Como cidadãos, não vamos esquecer que o pessimismo generalizado sempre satisfaz os interesses de alguém e ajuda a criar uma multidão facilmente manipulável – que aceita qualquer coisa em troca de cuidado. Joseph Goebbels, grande arquiteto da propaganda nazista e braço-direito de Hitler, já sabia e proclamava décadas atrás: “A propaganda deve limitar-se a um número pequeno de ideias e repeti-las incansavelmente, apresentando-as de diferentes perspectivas; mas sempre convergindo sobre o mesmo conceito. Uma mentira dita mil vezes torna-se uma verdade”.

Olhos abertos e ótimos negócios pra você!​

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