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Nunca contrate quem você não pode demitir

Um preceito que vale a pena seguir na hora de escolher funcionários, fornecedores ou sócios.
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Sempre que o vínculo entre as pessoas fora do ambiente profissional for muito forte é quase certo que haverá grandes problemas dentro dela.

É muito saudável trabalhar ao lado de pessoas que apreciamos e com as quais cultivamos uma relação fora do ambiente profissional. Contudo, nem sempre os líderes percebem que na hora de contratar alguém para o seu time é preciso segurar a vontade de escolher aquele típico profissional que não poderá ser demitido mais adiante se preciso for.

Quem opta por trabalhar ao lado de familiares e amigos de longa data ou aceita contratar a filha do sobrinho do diretor só porque a indicação partiu dele, sabe como é difícil lidar com aquelas situações na quais é preciso dizer a essas pessoas que não conta mais com os serviços delas, já que a parceria não deu certo ou o objetivo que as trouxe ali foi alcançado. Isso quando consegue dizer…

Prefira a meritocracia

Na hora de efetivar alguém próximo muita gente pensa: “Fulano é meu amigo, nunca brigamos e ainda por cima ele precisa de um trabalho melhor. Por que não contratá-lo?” Só que mesmo convivendo com essa pessoa há algum tempo, pode ser que você ainda não tenha notado que o desempenho dele no trabalho não é lá essas coisas e daí se veja diante do dilema: é melhor conservá-lo na equipe sem produzir o suficiente a fim de evitar possíveis dissabores na relação ou demitir o trabalhador e correr o risco de perder o amigo junto?

Sempre que o vínculo entre as pessoas fora do ambiente profissional for muito forte é quase certo que haverá problemas dentro dela. Aliás, é por isso que algumas companhias têm a política de não contratar parentes, como é o caso daquelas dirigidas pelo megaempresário Jorge Paulo Lemann. Nenhum familiar dos sócios trabalha como executivo nas empresas do grupo para que todo profissional talentoso tenha a certeza de que sendo competente de verdade ninguém o impedirá de chegar ao topo da organização. Nem mesmo o filho do dono.

Portanto, quando uma empresa decide implantar a meritocracia também decide não contratar indivíduos que fiquem acima do bem e do mal e aceita desagradar algumas pessoas para agradar muitas mais. Ela sabe que não pode deixar no ar a ideia de que aquele gerente acaba de ser promovido por ser primo do chefe, apesar da sua inquestionável competência.

Mas já que 99% das empresas brasileiras não optaram pela meritocracia, voltemos ao mundo real. Muitos gestores lamentam o fato de terem de liderar pessoas que foram contratadas antes da chegada deles e também não podem ser demitidas. Nesse caso, ficam duas lições: 1ª) Antes de aceitar o convite, negocie autonomia total para montar a própria equipe de trabalho; e 2ª) Faça as mudanças que considerar necessárias durante os primeiros trinta dias ou então aceite o fato de que terá de administrar seu passivo sem reclamar.

Cuidado para não trocar seis por meia dúzia

Por outro lado, se você acaba de receber uma promoção interna, só mexa com os “intocáveis” se estiver convicto de que não há a menor chance de trabalhar com eles. Percebo que alguns gestores gastam tanta energia vital para se livrarem de quem não pode ser demitido de uma hora para a outra, que acabam se fragilizando desnecessariamente. Ou seja, pense bem antes de entrar numa briga dessas.

Também tenha em mente que você só conhece a sua verdadeira força na companhia quando precisa efetivar uma demissão complicada. Alguns anos atrás atendi uma empresa na qual os gerentes não tinham força para exonerar nem mesmo seus assistentes diretos e foi assim que eles descobriram que a autonomia que tinham em mãos era próxima a zero.

E outra coisa: ao desligar um “não-demissível”, certifique-se de que está substituindo essa pessoa por outra realmente capaz. Se você trocar seis por meia dúzia, é quase certo que passe a ser visto como um líder injusto ou incompetente e a sua própria cabeça fique a prêmio.

O mais interessante é que esses cuidados não se restringem à contratação de subordinados; eles também valem na hora de escolher seu sócio ou fornecedor de serviços. É comum vermos amizades de longa data desfeitas, graves desentendimentos familiares e sociedades fracassando porque relações maduras fora do trabalho se revelam totalmente imaturas na hora em que é preciso resolver os problemas da empresa.

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