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A terceira inteligência valiosa para os talentos organizacionais

 

Onde o homem se fizer presente, surgirão questionamentos oriundos do seu comportamento. No dia a dia das empresas, isso também é comum. Afinal, não é difícil encontrar casos de profissionais que aos “olhos de terceiros” possuem uma carreira promissora, recebem uma remuneração atraente, mas nem por isso se sentem realizados. Eles sempre buscam algo e muitos, nem sempre sabem por onde iniciar por aquilo que tanto procuram. Vários intelectuais já apresentaram suas teorias em relação ao comportamento do ser humano como o francês Alfred Binet e o norte-americano Lewis Terman que se dedicaram ao Quociente de Inteligência. Mais recentemente, paramo-nos com Daniel Goleman que em 1995 passou a ser conhecido mundialmente graças ao best-seller Inteligência Emocional (QE).

E agora, quais as vertentes que apontam para a compreensão humana? De acordo com Wellington Moreira, diretor executivo da Caput Consultoria, as atenções começam a ser voltadas para uma terceira inteligência: a Espiritual ” O conceito de Inteligência Espiritual não tem a ver com o quanto de devoção e fé em Deus você conta e sim com o seu estado de espírito, a forma de enxergar as coisas e a maneira de agir frente a elas. É claro que muitas pessoas com alto nível de Inteligência Espiritual são dotadas de grande religiosidade, mas aquelas que professam uma fé podem não tê-la como também alguém que se declara ateu é capaz de desenvolver um respeitável Quociente Espiritual”, menciona Wellington Moreira. Em entrevista concedida ao RH.com.br, ele destaca os benefícios que a Inteligência Espiritual traz tanto às empresas quanto aos profissionais. Essa é uma ótima oportunidade para avaliar se você e a sua empresa estão sintonizados com o desenvolvimento dessa terceira inteligência que vem sendo valorizada no campo corporativo. Boa leitura!

RH – Qual o conceito mais atual sobre Inteligência Espiritual?

Wellington – Os principais autores que se dedicam a explicar a Inteligência Espiritual ainda não conseguiram criar um conceito que possa ser utilizado universalmente para descrever este tipo de capacidade. No entanto, para fins didáticos, podemos defini-la como a inclinação do ser humano de colocar seus atos e suas experiências num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Portanto, a Inteligência Espiritual é a base que sustenta as inteligências Intelectual – Quociente Intelectual, e Emocional – Quociente Emocional.

RH – Em que momento as empresas brasileiras passaram a valorizar a Inteligência Espiritual e quais os motivos que levaram as organizações a essa realidade?

Wellington – De alguns anos para cá pequenas e grandes companhias perceberam que boa parte dos seus colaboradores busca muito mais do que uma remuneração justa e ótimas oportunidades de ascensão profissional. Estas pessoas querem, acima de tudo, realizar um trabalho que lhes confira significância pessoal e as ajudem a encontrar respostas aos porquês de sua vida. Por isto, mesmo que não utilizem a expressão Inteligência Espiritual, quando uma empresa cria canais para escutar o que seus colaboradores dizem ou estabelece políticas de gestão participativa, por exemplo, ela está criando um ambiente propício ao desenvolvimento do quociente espiritual de seus colaboradores.

RH – A compreensão sobre Inteligência Espiritual tem sido confundida com outros conceitos?

Wellington – Sim, especialmente com os conceitos de espiritualidade e religiosidade. A Inteligência Espiritual não tem a ver com o quanto de devoção e fé em Deus determinada pessoa tem e sim com o seu estado de espírito, a forma de enxergar as coisas e a maneira de agir frente a elas. É claro que muitas pessoas com alto nível de Inteligência Espiritual são dotadas de grande religiosidade, mas aquelas que professam uma fé podem não tê-la como também alguém que se declara ateu é capaz de desenvolver um respeitável Quociente Espiritual.

RH – Quais os principais objetivos da Inteligência Espiritual diante da realidade organizacional?

Wellington – Creio que ao ser mais discutido dentro das empresas, este tema reforça uma série de outras iniciativas que visam humanizar o ambiente de trabalho. Se é verdade que precisamos de pessoas cada vez mais produtivas, também é coerente afirmarmos que é difícil acreditar que elas entregarão o seu melhor se não se sentirem ouvidas ou se o trabalho que realizam não lhes possibilitar a construção de algum tipo de legado. E outro objetivo indireto é fazer com que as empresas realmente discutam seus valores organizacionais a fim de responder à pergunta: “Será que nossos princípios estão de acordo com aquilo que nossos clientes, nossos colaboradores e a sociedade como um todo espera de nós?”.

RH – Quais os recursos mais utilizados pelas empresas para estimular a Inteligência Espiritual?

Wellington – Muitas empresas têm criado o ambiente propício para que as pessoas expressem sem temores suas ideias e suas opiniões. Há excelentes exemplos de quem já reconhece publicamente os colaboradores que têm uma conduta ética em seu trabalho e outras convidam as pessoas a participarem de ações de responsabilidade social que têm humanizado corporações que pouco tempo atrás eram vistas com ceticismo até mesmo por quem atua em seus quadros. É importante destacar que nenhuma destas iniciativas surgiu para desenvolver a capacidade espiritual dos colaboradores e sim para atender a outros interesses, mas têm ajudado – e muito – a promover este debate relativo à Inteligência Espiritual.

RH – É difícil estimular a Inteligência Espiritual no ambiente corporativo?

Wellington – A sociedade atual prega que “tempo é dinheiro” e grande parte das pessoas tem a sensação de que precisa resolver as questões de maneira objetiva e rápida, por isto o discurso de “vamos com calma, é preciso pensar melhor a respeito” ainda encontra uma série de resistências. Além disto, são poucas as corporações que realmente conseguiram criar um ambiente de escuta no qual as pessoas sentem-se estimuladas a falarem o que pensam a respeito do seu trabalho, das angústias profissionais com as quais precisam lidar e como veem a companhia.

RH – Com tantos recursos organizacionais, é possível mensurar a inteligência Espiritual no ambiente de trabalho?

Wellington – Penso que ainda chegaremos a um modelo matemático para a quantificação da Inteligência Espiritual, mas não podemos esquecer de que qualquer esforço nesta direção é incongruente com a subjetividade característica deste tipo de capacidade. Uma das premissas da Inteligência Espiritual é que ela pode ser desenvolvida a qualquer tempo e está muito relacionada aos valores e aos princípios do indivíduo. Portanto, trata-se de uma realidade muito diferente do Quociente de Inteligência, por exemplo, que é matemático, quantificável e permanente.

RH – Se por um lado as organizações devem estimular a Inteligência Espiritual, de que forma o profissional pode contribuir para o crescimento desse processo?

Wellington – As pessoas reforçam esta capacidade quando cultivam algumas das dez características que os estudos conduzidos nos últimos anos revelaram ser comuns às pessoas consideradas inteligentes espiritualmente.

RH – Quais são estas característica?

Wellington – Estas pessoas geralmente praticam o autoconhecimento, são orientadas por valores e ideais, conservam uma visão holística das coisas, analisam as situações num contexto amplo, suportam os obstáculos com maturidade, valorizam a diversidade, atuam com independência, perguntam sempre o “por quê?”, são espontâneas e exercitam a compaixão em seu dia a dia.

RH – Quais os benefícios que esse profissional traz à organização?

Wellington – Acima de tudo, estas pessoas criam uma atmosfera positiva na companhia, pois são pessoas que têm um olhar otimista sobre as suas vidas e o próprio trabalho. Em vez de lamentar, elas procuram soluções para os problemas que enfrentam e com o tempo passam a servir como modelares da mudança comportamental para muita gente. Isto sem falar no fato de que elas ajudam a criar um ambiente no qual as pessoas se conservam focadas, produtivas e, principalmente, atuam com base nos princípios e nos valores da organização.

RH – Em sua opinião, o que acontecerá com as empresas que não valorizarem a Inteligência Espiritual?

Wellington – Num mundo repleto de mudanças profundas, as empresas que não voltarem sua atenção aos aspectos não-práticos do negócio e que também não compreenderem que o homem hoje busca um profundo significado para a sua vida – e que supera qualquer realização material -, também terão grande dificuldade para compreender os anseios de seus clientes e não conseguirão atrair e manter pessoas talentosas. Ou seja, infelizmente estão fadadas a fecharem suas portas.
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Fonte: Portal RH

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