Imagine a cena: você chega numa loja para comprar uma calça e a vendedora retira o estoque todo da prateleira com interesse em atendê-lo muito bem. Na sequência, você prova os oito modelos que o agradaram, mas, no fim, sem saber ao certo qual calça levar, adia a decisão de compra para uma próxima oportunidade. Não sei se isso já lhe aconteceu, mas comigo sim.
Quando precisamos tomar boas decisões, é imprescindível termos informações de qualidade às mãos. No entanto, a sobrecarga delas também costuma ser danosa. É por isso que temos mais facilidade de escolher um produto quando estamos diante de três ou quatro opções, em vez de dez. Nesse tipo de situação, menos é mais.
Até alguns anos atrás, líderes empresariais cometiam equívocos por ignorarem totalmente questões críticas do seu negócio. Hoje em dia o problema é outro: com informações em excesso, muitos gestores não têm conseguido focalizar o que realmente devem levar em conta na hora de tomar decisões.
Esse problema afeta especialmente quem não desenvolveu a capacidade crítica de identificar o que é ruído (aquilo que não serve para nada) e o que é sinal (o que importa de verdade). Aliás, é por isso que a sua querida tia fica propagando notícias falsas ou alarmantes pelo grupo de WhatsApp da família sem filtro algum. Segundo a crença dela: se foi escrito por alguém, então é verdadeiro.
Muita informação desnecessária
Para se ter uma ideia da quantidade de informações que circula hoje em dia, mais de mil novos títulos de livros são editados diariamente em todo o mundo. Daí vem a pergunta: o que ler? Eu procuro seguir o conselho do Nassim Taleb, que prefere os clássicos e as obras que estão no mercado há pelo menos dez anos. “De modo geral, livros que têm um ano de idade não valem a pena ser lidos (é pouquíssimo provável que tenham as qualidades para sobreviver), não importa o quanto pareçam ‘arrasadores’ nesse momento”, ele diz.
Você não precisa saber de tudo – e nem vai conseguir se quiser. A produção de conhecimento já é indiscutivelmente maior do que a nossa capacidade de absorver aquilo que surge de novo. Por isso, em vez de se tornar neurótico, procure se afastar um pouco da confusão para enxergar aquilo que é relevante.
Como estar bem informado
E, se me permite, aí vão algumas dicas que também podem ajudá-lo:
– Leia apenas um jornal diário. O segundo não vai te servir para quase nada, já que mais de 80% das notícias serão as mesmas.
– Pare de comprar seus livros pela capa. Quanto mais ela é pomposa, menos conteúdo tem dentro. Eu já publiquei alguns deles e sei do que estou falando.
– Não fique acessando canais de notícias na TV e portais de internet o tempo todo. Como eles precisam preencher a programação do dia e querem que você continue grudado na tela, muita coisa que antes não era notícia, agora tem espaço em sua capa. Duas consultas rápidas por dia são suficientes para ficar a par das coisas.
– Seja criterioso em relação às pessoas com quem você se aconselha no dia a dia. Falastrões e palpiteiros são ótimos em confundi-lo, ainda mais quando está em busca de discernir o que fazer.
O que estou querendo dizer com tudo isso é que de agora em diante precisamos buscar profundidade e relevância, em vez de quantidade, no que tange à absorção de informações. Pare de contar o número de livros que você leu no último semestre, os cursos que fez ao longo do ano e com quantas pessoas troca ideias por semana.
O que importa são os frutos que você tem alcançado com todo esse esforço. Uma conversa despretensiosa com alguém sábio pode até ser mais enriquecedora do que uma pós-graduação inteira, se o que você precisa só ele pode te dar.