Um estudo recente conduzido na Universidade do Arizona (EUA), com 14 mil pessoas, demonstrou que líderes tóxicos realmente são danosos às empresas.
Profissionais que atuam em equipes desse tipo de gestor geralmente fazem corpo mole na hora de cumprir as tarefas, cometem mais erros, descontam suas frustrações nos clientes e ainda estão em busca de outro emprego.
Se bons líderes ajudam as pessoas a terem autoconfiança e energia para realizar o trabalho, um ambiente tóxico faz exatamente o contrário. Drena para o ralo o sentimento de competência e a motivação intrínseca de buscar o melhor desempenho possível.
Características do líder tóxico
Para irmos direto ao ponto, relacionei logo abaixo algumas das práticas que um líder tóxico gosta de usar:
– Se você faz nove coisas certas, pode ter certeza de que ele irá focar qualquer conversa na décima atividade que não ficou do jeito que queria.
– Nos dias em que está com a pá virada, promove reuniões de última hora só para reclamar de tudo e de todos.
– Por intimidar as pessoas constantemente, quando ele passa pela sala todo mundo silencia.
– Costuma enviar e-mails lacônicos às sextas-feiras do tipo: “Nada bom” ou “Precisamos conversar”. É só para o colaborador ficar ansioso durante o fim de semana.
– Procura diminuir as pessoas. Por isso, quando ele lhe pede para buscar um café na frente dos outros, é para tentar mostrar quem manda por ali. Não se trata de uma solicitação de gentileza.
– Dramático e inconstante, apresenta explosões de raiva de uma hora para a outra e por quase nada.
– Jamais elogia um bom trabalho. No máximo, diz que a pessoa teve sorte ou provoca: “Quero ver se você faz isso de novo no mês que vem”.
– Tira sarro do colaborador durante a reunião só para diminuí-lo na frente dos outros.
– Pede para verificar todos os e-mails dos funcionários antes deles serem encaminhados a qualquer outra pessoa.
– Jamais deixa as metas claras. Afinal, o objetivo é fazer com que ninguém saiba se o seu desempenho é bom ou ruim.
– Faz a equipe enxergar os clientes como pessoas tolas e egoístas.
O que o leva a agir assim?
É claro que dificilmente você encontrará todos esses comportamentos num único gestor, mas é bem provável que agora mesmo tenha vindo algum nome à sua cabeça. Estou correto?
E lembre-se: como acontece com quem é fumante passivo, ainda que você não seja atacado diretamente por um líder tóxico, o simples fato de presenciar esses comportamentos dirigidos a terceiros também pode afetá-lo.
Mas, o que leva alguém a se tornar um líder tóxico? Os motivos são diversos. Alguns deles sufocam seus colaboradores com a centralização e o microgerenciamento porque têm um perfil dominador. Outros simplesmente não percebem que maltratam as pessoas por que lhes falta empatia. Eles não têm inteligência emocional.
Alguns líderes sofrem de baixa autoestima e, para se sentirem seguros, creem que é preciso partir para o ataque com uma comunicação agressiva. Temos também aqueles que, ao serem pressionados, perdem o equilíbrio por não terem maturidade emocional para lidar com os problemas que estão sob sua responsabilidade.
E não podemos ignorar que alguns drenam a energia das pessoas simplesmente porque gostam de abusar do poder, são egocêntricos ou apresentam características psicopáticas. Essas pessoas necessitam de tratamento terapêutico – e logo.
Livre-se da toxicidade
O pior é que algumas empresas também se tornam tóxicas com o passar do tempo. Se aonde você trabalha as pessoas vivem sob tensão permanente, não conseguem ter uma conversa franca com as lideranças, há pouca tolerância a erros, os afastamentos por atestado médico são costumeiros e você conta os dias para chegar o próximo feriado, é quase certo que está diante de uma organização com alto nível de toxicidade.
Precisamos celebrar líderes e empresas incríveis que já praticam com louvor o novo modelo de gestão de pessoas. Mas, ao mesmo tempo, já passou a hora de dialogarmos com maior profundidade sobre o que ainda acontece no mundo real de quem está distante anos-luz de uma cultura engajadora e de alta performance.