Imagine que você contrata alguém experiente para exercer um importante papel de liderança numa empresa com várias filiais já sabendo que o sucesso dessa pessoa é crucial para que a companhia promova mudanças de curto prazo. Contudo, o gestor em questão, ansioso e inseguro logo nos primeiros dias – querendo mostrar a que veio –, passa a apontar seguidos erros do trabalho feito até então (“Nada funciona por aqui!”, diz), adota um ar arrogante ao conversar com os subordinados e começa a se dirigir aos superiores com uma intimidade que ele não tem.
Que conclusão é possível tirar dessa história? Esse gestor, na ânsia de atender as expectativas que a organização criou em torno do trabalho e da capacidade dele, acaba sendo visto como repulsivo e inadequado justamente pelas pessoas que deveria influenciar. Aquela máxima “a primeira imagem é a que fica” é totalmente verdadeira e válida no mundo corporativo.
A reputação também acaba “arranhada” quando os líderes são descompromissados com o trabalho; não entregam nenhuma tarefa no prazo; gostam de fazer fofoca e falar mal das pessoas; assediam os subordinados; fazem brincadeiras de mau gosto; são chatos ou muito duros com todo mundo; não se abrem para ouvir; ou adotam uma postura inadequada nas redes sociais.
Todos esses comportamentos dentro e fora do ambiente de trabalho prejudicam a imagem profissional. E precisamos lembrar que a reputação é o grande patrimônio da carreira de um líder. Leva anos para construí-la, mas, para perdê-la, basta dar um único passo em falso. E o pior é que, depois de ter estabelecido uma reputação ruim, fica muito difícil mudar a imagem perante outras pessoas, assim como reconquistar a confiança delas. É só ver o que aconteceu com o ator José Mayer.
É por isso que não é raro encontrar, dentro das organizações, gestores que foram bem treinados, possuem competência técnica, e mesmo assim não conseguem se aproximar da equipe que lideram nem mesmo ter credibilidade junto aos seus superiores por causa da má reputação que construíram. Eles podem até entregar resultados, mas são “barrados” ao tentarem alçar voos mais altos na companhia.
O que a sua empresa pode fazer para ajudar as lideranças a construírem uma boa reputação?
– Coloque o tema em pauta. A primeira coisa a fazer é falar sobre “reputação” no ambiente de trabalho. Separe alguns momentos ao longo do ano para conscientizar as lideranças de que a imagem que construírem – dentro e fora da organização – é o mais importante capital que possuem enquanto profissionais.
– Oriente sobre o bom uso das redes sociais. Deixe claro aos líderes como eles devem se comportar nas redes sociais. Nem todos têm bom senso, portanto, precisam ser orientados sobre o tipo de postura que podem ou não assumir também no ambiente virtual. O que eles dizem na internet tem tudo a ver com a maneira como pensam e agem na vida real.
– Lembre os líderes de serem coerentes. A credibilidade é construída somente entre os gestores que dão um bom exemplo. Será que alguém leva a sério e confia no chefe que chama a atenção de um liderado que chegou atrasado e, ao mesmo tempo, não é pontual com os próprios compromissos? Com certeza, não!
– Deixe claro que errar não é o fim do mundo. O líder perde a confiança e a credibilidade diante de sua equipe quando não é capaz de admitir os próprios erros ou assumir que desconhece a solução de um problema qualquer. Lembre aos líderes da sua empresa: ninguém é infalível ou tem a resposta para tudo! Pelo contrário, a humildade de reconhecer as falhas e limitações é que fortalece o relacionamento com os liderados. Mas, para isso, é preciso criar um ambiente de diálogo aberto e franco com seus gestores para que eles se sintam seguros nessas situações.
– Forneça feedback comportamental. É papel da companhia deixar claro a todos os seus colaboradores, e especialmente para as lideranças, que tipo de comportamento é aceitável ou não dentro da empresa. Como a má reputação de um líder pode abalar a imagem de toda a corporação, não espere que aquele gestor inconveniente passe a ter “bom senso” ou a capacidade de discernimento de uma hora para a outra. Ainda mais quando esses dois predicados parecem distantes da pessoa em questão.
Resumindo…
Trabalhar e zelar pela reputação dos líderes é fundamental não só para que a empresa transmita uma boa imagem ao mercado, mas também para que os gestores consigam entregar resultados consistentes. Os líderes que constroem uma relação de confiança e credibilidade com suas equipes conseguem engajar, motivar e conquistar as coisas mais facilmente. Agora, se são vistos pelos liderados como manipuladores e insensíveis, dificilmente receberão o apoio necessário para colocar em prática aqueles projetos decisivos para o crescimento do negócio.