Sim, precisamos ter coragem para lutar por aquilo em que acreditamos. Porém, nem toda batalha vale a pena ser duelada. Algumas delas, inclusive, são totalmente desnecessárias.
Dias atrás, por exemplo, eu conversei com o gerente de uma empresa sobre a necessidade de ele parar de assumir batalhas que cabem a outras pessoas. Há muito tempo, o profissional tem se desgastado internamente por causa do hábito de tomar para si as lutas de terceiros. A consequência é que, apesar de bem-intencionado, muita gente o vê como alguém reclamão e quem se esconde atrás dele também não cresce.
Aliás, demonstrar a sua indignação sobre algo que precisa ser mudado não é suficiente para ser visto como um lutador digno. Esbravejar é só o primeiro passo. Depois é preciso propor ideias que podem solucionar o problema, viabilizar uma delas e, principalmente, colocar a mão na massa para tirá-la do papel.
É por isso que escolher bem as suas batalhas é sinal de sabedoria. Não dá para gastar energia vital com toda e qualquer demanda. Como bem lembra o personagem Capitão América em um dos filmes da Marvel: “Nem sempre sou capaz de escolher as minhas batalhas, mas pelo menos vou fazer um esforço para escolher as batalhas que importam”.
Outra habilidade crítica é saber discernir quando a luta, apesar de também ser sua, não pertence somente a você. Será que os demais envolvidos estão dispostos a correr riscos? Nessas horas, lembre-se que muita gente recua e ficar sozinho pode ser um tiro no pé. Aquela história de chegar na frente do CEO representando “todo mundo” é o tipo de ingenuidade que costuma cobrar um preço alto.
Escolher as batalhas certas, ainda, é sinal de maturidade. Tem gente que adora entrar em pequenas discussões com o chefe que não levam a algum lugar, a não ser ressentimento crescente e perda de confiança. Essas pessoas esquecem que, às vezes, é melhor conservar a paz do que ter razão.
O mesmo raciocínio se aplica àquelas pequenas ofensas que você sofre de colegas de trabalho, clientes e fornecedores. Não perca seu tempo – e, especialmente, energia – com brigas que não levarão a lugar algum. Em vez disso, concentre-se naquilo que importa de verdade.
E é claro, também pode acontecer de você ter de lutar uma determinada batalha, mas em outro momento. Recuar estrategicamente pode ser uma grande virtude se o contexto mostra que é melhor bater em retirada agora para não comprometer o resultado da guerra lá no final.
Portanto, antes de entrar em uma peleja qualquer, pergunte-se: “Qual o propósito disso tudo?” ou “Onde eu quero chegar no final?” Se o ego estiver dominando você – em vez de uma causa nobre –, então essa batalha é inócua. Um desgaste desnecessário.
Que ao final da nossa trajetória de vida, também possamos dizer como São Paulo: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé” (2 Timóteo 4,7). Essa simples frase resume o sentimento de quem lutou as batalhas que realmente deveria.