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O silêncio organizacional ruim

Quando as pessoas param de se expressar é sinal de que algo muito sério está acontecendo na empresa

Percebo que algumas coisas não andam bem em uma empresa quando as pessoas que trabalham por lá preferem o silêncio, ainda que o barco esteja afundando. Em resumo: quase todo mundo hesita em compartilhar suas reais opiniões, preocupações ou ideias.

E os motivos desse comportamento podem ser variados. Tem gente que não se sente ouvido e simplesmente parou de falar. Outros sabem que são ouvidos, mas já desistiram de acreditar em grandes mudanças porque a complacência impera. E ainda há aqueles que ao falar foram punidos e não querem passar por isso novamente.

A lista de raízes do silêncio organizacional ruim vai além. Em algumas empresas, por exemplo, há uma cultura de conformidade excessiva onde opiniões discordantes são mal vistas. Daí, o medo de ser julgado por pensar diferente incentiva o silêncio e a omissão.

”Meu silêncio grita quando as palavras já não possuem mais efeito.”
Autor anônimo

Uma hierarquia rígida também costuma ser refratária a más notícias. Por isso, em organizações tradicionais, mesmo sabendo que as coisas não vão bem, é comum que as pessoas não ousem falar dos problemas críticos que precisam ser combatidos.

E é claro, não podemos esquecer das empresas onde simplesmente faltam canais de comunicação – preferencialmente anônimos – nos quais os colaboradores possam expressar suas preocupações de maneira segura. O medo de retaliação geralmente não é infundado e sem segurança psicológica a autopreservação se torna uma prioridade, resultando no silêncio.

Em todos esses casos, consequências graves:

Colaboradores presentes em reuniões, mas que preferem ficar quietos.

Tendência generalizada a evitar conflitos e conversas difíceis na hora de resolver problemas que colocam em risco a sobrevivência da empresa.

Os rumores, boatos e fofocas prevalecem, refletindo a falta de uma comunicação aberta e transparente.

Descrença generalizada por parte das pessoas e, em alguns casos, até mesmo um comportamento cínico.

Redução nas propostas de novas ideias já que os colaboradores sentem que suas contribuições não são valorizadas.

Alta rotatividade de profissionais-chave, que deixam a empresa logo que surge alguma oportunidade externa.

Menor participação das pessoas em projetos voluntários ou atividades extras, indicando desengajamento e falta de interesse em contribuir além do mínimo necessário.

A boa notícia é que existe o que fazer se o silêncio organizacional tomou conta da sua empresa. O primeiro passo é vocês diagnosticarem as principais fontes de insatisfação por meio de uma pesquisa de clima anônima e conduzida por uma consultoria especializada.

Logo depois, com os resultados em mãos, criem um plano para atacar as questões críticas levantadas, dando atenção especial às ações que fortaleçam uma cultura de feedback, segurança psicológica e valorização à diversidade de opiniões.

E não menos importante: reconheçam e recompensem as iniciativas dos “primeiros corajosos”. Dependendo de como vocês agirem com quem se expressar daqui em diante, o projeto naufragará ou vocês colherão avanços significativos já no curto prazo.

Ouça a entrevista sobre esse mesmo assunto que fizemos na coluna da rádio CBN:

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