Michael Jordan, considerado o maior jogador de basquete de todos os tempos, disse certa vez: “Errei mais de 9.000 arremessos na minha carreira. Perdi quase 300 jogos. Em 26 ocasiões, me confiaram o arremesso final e eu errei. Eu falhei repetidamente na minha vida. E é por isso que tive sucesso.”
Se um líder nunca fracassou, há duas explicações possíveis: ou ele está escondendo alguma coisa, ou simplesmente não arriscou o suficiente. E, em ambos os casos, isso é preocupante.
Carol Dweck, em seu livro Mindset, cita que a NASA evita recrutar astronautas que nunca tenham falhado em algo importante. A lógica é simples: quem nunca falhou, talvez nunca tenha sido testado de verdade. Em situações extremas, como as vividas no espaço, é essencial contar com pessoas que já enfrentaram adversidade e aprenderam com ela.
Porém, ainda persiste no mundo corporativo o mito de que bons líderes são aqueles com trajetórias impecáveis, sem tropeços ou derrotas. Um ideal de perfeição que está longe da realidade e pode ser perigoso, especialmente quando o fracasso é visto como fraqueza e a vulnerabilidade como sinal de incompetência.
Líderes que se colocam como infalíveis criam, muitas vezes sem perceber, ambientes onde o medo se espalha. Nessas companhias, os membros da equipe se sentem pressionados a esconder seus próprios erros, receosos de parecerem menos competentes. O resultado? Problemas importantes deixam de ser discutidos. Aprendizados valiosos são perdidos. E decisões continuam sendo tomadas com base em informações incompletas ou distorcidas.
O conhecido caso da empresa americana Enron é um exemplo emblemático. A cultura interna desencorajava a transparência e premiava apenas os resultados perfeitos — ainda que irreais. Quando os erros começaram a ser encobertos, a organização mergulhou em uma espiral de fraudes contábeis e colapso moral que culminou na falência da empresa e no desemprego de milhares de pessoas.
Ao contrário do que se pensa, demonstrar vulnerabilidade é um ato de coragem. Quando um líder assume seus erros com honestidade, ele abre espaço para que os demais também o façam. Além disso, ao reconhecer falhas você ganha mais respeito. Isso porque a autenticidade conecta. Perfeição, não.
Resumindo: líderes que compartilham suas falhas humanizam a posição que ocupam e criam laços reais com suas equipes. O oposto do distanciamento frio da liderança “super-heroica”, que exige máscaras e interpretações, mas pouca conexão genuína.
Errar é inevitável. Fingir que não erra, em contrapartida, é uma escolha — e uma escolha perigosa. O verdadeiro papel do líder não é parecer perfeito e sim criar um ambiente seguro o suficiente para que todos possam aprender com os próprios tropeços. Porque, no fim, as melhores organizações não são aquelas que nunca erram, mas as que sabem crescer a partir dos erros.
Pense nisso!