A insatisfação com os rumos da carreira é algo presente em um número cada vez maior de pessoas porque a nossa geração tem grandes expectativas em relação ao trabalho e às demais esferas da vida. Definitivamente, não encaramos as coisas da mesma forma que nossos pais ou avós.
Isso é reflexo, dentre outras coisas, das inúmeras possibilidades de escolha que existem no mundo de hoje. E como nos movemos muito mais em busca do “e” do que do “ou”, frente a tantas opções mutuamente atrativas, qualquer tomada de decisão se torna fonte de angústia.
Um segundo elemento neste contexto é que as pessoas costumam se motivar no trabalho por um dos quatro fatores abaixo:
- Estabilidade financeira. Ganhar o suficiente para não ter de se preocupar com dinheiro no futuro, encontrar uma forma de sustentar a vida que gosta hoje ou, ainda, simplesmente poder sair da situação financeira precária em que se encontra.
- Realização e prazer. A pessoa almeja fazer o que gosta, atuar naquilo que exige suas principais competências ou, então, pelo menos encontrar satisfação no tipo de trabalho que desempenha no dia a dia.
- Qualidade de vida. O que a atrai é a possibilidade de ter tempo livre ou de atuar em uma organização que não exerce pressão por resultados a todo momento. Ou seja, o profissional não quer se sentir consumido pelo trabalho.
- Status e reconhecimento. Neste caso, o que está em jogo é o quanto de prestígio o trabalho confere à pessoa. Afinal, o que ela quer é se sentir orgulhosa daquilo que faz e saber que os outros reconhecem que ela é competente.
Bem, vamos lá! Qual é a ordem de prioridade desses fatores em sua vida atualmente? O que vem em primeiro lugar para você? E na sequência, o que você busca? Muitas das decisões de carreira que tomamos estão baseadas naquilo que “fala mais alto” em nossas vidas, mesmo quando não estamos atentos a isso.
Porém, é importante lembrar que as pessoas mudam suas prioridades de tempos em tempos. É o caso de quem quer estabilidade financeira e, quando nasce o primeiro filho, começa a ter um anseio maior por qualidade de vida.
Até aí tudo ok. O problema começa quando a pessoa decide buscar satisfação plena nos quatro fatores motivacionais ao mesmo tempo. Ignora que o equilíbrio perfeito é uma fantasia.
Nós alcançamos instantes de equilíbrio e não um lugar de equilíbrio. Você pode trabalhar décadas a fio sem a capacidade de conciliar estabilidade financeira, realização no trabalho, qualidade de vida e prestígio e ainda chegar ao fim da sua trajetória profissional satisfeito com o que construiu.
Mais do que equilíbrio, o que precisamos é desenvolver a capacidade de fazermos boas escolhas com base naquilo que nos motiva, junto com a lucidez de compreendermos as exigências, ônus ou reflexos que elas sempre provocam na vida como um todo.