Em 1955, o historiador e escritor britânico Cyril Northcote Parkinson publicou um artigo satírico na revista The Economist que, sem querer, virou uma das leis mais citadas sobre produtividade: “O trabalho se expande de modo a preencher todo o tempo disponível para sua realização”. Essa simples observação – hoje conhecida como a Lei de Parkinson – explica por que tantas pessoas estão sempre ocupadas, mas nem sempre produtivas.
Em outras palavras: se você tem uma semana para entregar um relatório, vai usá-la inteira, mesmo que o trabalho pudesse ser feito em dois dias. E o mesmo vale para equipes, departamentos e empresas inteiras. Parkinson notou que, em organizações públicas e privadas, o número de funcionários tende a crescer independentemente da quantidade real de trabalho porque as pessoas criam demandas, processos e reuniões apenas para justificar sua existência.
Nas companhias, a Lei de Parkinson se manifesta de várias formas. Um profissional se perde em e-mails intermináveis, revisões desnecessárias ou em reuniões que poderiam ser resolvidas em um áudio de 30 segundos. O deadline de um projeto vira o verdadeiro motor da ação da equipe. Pessoas confundem estar ocupadas com estar produzindo. E por aí vai…
As empresas também sofrem com essa armadilha. À medida que crescem, criam camadas de hierarquia, reuniões de alinhamento e controles que tornam tudo mais lento. O resultado? Organizações que perdem agilidade e gastam energia gerenciando o próprio funcionamento. A consultora Julie Zhuo, ex-executiva do Facebook e autora de A Criação de um Gestor, observa que “em muitos lugares, o trabalho de gerenciar o trabalho consome mais tempo do que o trabalho em si”.
Para escapar dessa armadilha, é preciso criar uma nova relação com o tempo — tanto no nível individual quanto organizacional. O autor Tim Ferriss, no livro Trabalhe 4 horas por semana, por exemplo, propõe um método simples e provocador: encurtar deliberadamente os prazos. Quando o tempo é limitado, a mente se concentra no essencial e elimina o supérfluo. A escassez gera foco.
Em última instância, a Lei de Parkinson é um lembrete de que produtividade não é uma questão de horas, mas de intenção. O tempo não deve ser um recipiente a ser preenchido, e sim um espaço a ser bem usado para você mover o ponteiro dos resultados.
Perguntas simples ajudam: “Essa tarefa realmente precisa ser feita?”, “Qual é o resultado essencial que espero ao final do dia?”, “Se eu tivesse metade do tempo, o que cortaria?”. Parkinson não pregava pressa, ele pregava foco.
Profissionais que aprendem a definir limites e priorizar o que realmente importa tornam-se mais valiosos e equilibrados e empresas que combatem a burocracia e o desperdício de tempo constroem uma cultura de entrega e propósito. No fim, a verdadeira eficiência nasce quando paramos de expandir o trabalho — e começamos a expandir o impacto do que fazemos.
Pense nisso!