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Ambiguidade: o inimigo silencioso da liderança

Quando a falta de detalhe vira a falta de direção

A comunicação nas empresas se parece muito menos com uma torre de transmissão e muito mais com um jogo de “telefone sem fio”. O curioso é que, em vários casos, não existe má vontade, falta de atenção ou rebeldia. O inimigo é outro – e silencioso: a ambiguidade.

Ambiguidade ocorre quando o líder acha que foi claro, mas cada pessoa entende algo diferente. É pedir “entregue o relatório o quanto antes” e descobrir que, para você, isso significa hoje às 17h; para o analista, até sexta; e para o estagiário, depois da semana que vem, assim que terminar as “coisas mais urgentes”.

É orientar “vamos aprimorar a qualidade das propostas aos clientes” e não dizer o que exatamente precisa ser aprimorado: o processo, a forma de apresentação, o prazo de entrega ou os argumentos de vendas? Todos saem motivados, mas ninguém sabe o que fazer.

Portanto, ambiguidade não é ruído, é interpretação. O líder acredita que disse algo lógico e objetivo, no entanto cada integrante da equipe escuta a mesma frase com um significado diferente. Por exemplo, você diz: “Espero que sejam mais proativos”. Um colaborador entende que precisa antecipar sugestões; outro, que deve tomar decisões sozinho; e um terceiro, trabalhar mais horas. Mas ninguém tem certeza se é isso mesmo.

Pense em uma reunião. Ideias brilhantes circulam, todos acenam com a cabeça, alguém diz “ótimo, vamos fazer acontecer”. Mas falta esclarecer o que será feito, por quem e em qual prazo. A empolgação vira dúvida algumas horas depois e a energia das pessoas, que deveria se transformar em ação, some.

Quando líderes se limitam a expressões vagas como “seja mais estratégico”, “entregue com excelência” ou “pense no cliente”, delegam ao time o trabalho que deveriam ter feito: explicar. E o resultado quase sempre são problemas de relacionamento e baixa performance, pois ele espera uma coisa e a equipe entrega outra.

A ambiguidade gera retrabalho, dispersa prioridades e cria a armadilha emocional de líderes frustrados achando que a equipe “não entendeu”, e colaboradores inseguros achando que “não são bons o bastante”. Um ciclo de frustração que não acontece por incompetência e sim falta de clareza.

E, ao contrário do que muitos imaginam, quanto mais vaga a instrução do líder, mais dependente a equipe se torna. Não é à toa que diversos times com líderes inspiradores, mas pouco específicos, vivem em um looping de dúvidas, checagens e sempre à espera de “mais um detalhe” antes de agir.

Liderança não é sobre o que você diz e sim o que a sua equipe compreende e consegue executar. A sua intenção pode ser boa, mas o impacto sempre vai depender da clareza na direção.

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Wellington Moreira

Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Como desenvolver líderes de verdade” (Ed. Ideias e Letras), “Líder tático” e “O gerente intermediário” (ambos Ed. Qualitymark).

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