Antes de pensar em metas ambiciosas, um plano estratégico ou novos processos, todo líder deveria se perguntar: estou com as pessoas certas ao meu lado? Porque, por mais sofisticado que seja o seu modelo de gestão, se você estiver cercado pelas pessoas erradas, tudo se torna mais difícil, caro e lento.
No entanto, é fácil encontrar gestores que ainda ignoram essa questão. Investem horas aprimorando seus conhecimentos sobre liderança, leem sobre feedback, engajamento e produtividade sem se perguntar: quem está dentro do ônibus é quem realmente deveria estar?
Como escreveu Jim Collins no clássico Empresas Feitas para Vencer: “Você é um motorista de ônibus. O ônibus, a sua empresa, está parado, e é seu trabalho decidir para onde ir, como vai chegar lá e quem vai com você. Grandes líderes começam por colocar as pessoas certas no ônibus, as pessoas erradas fora do ônibus, e as pessoas certas nos lugares certos.”
Parece simples, mas não é. Saber identificar quem são as pessoas certas é uma competência estratégica. E não, não estamos falando apenas de quem entrega resultado. A pessoa certa é aquela que une valores e competências. Alguém que joga no time, age de acordo com a cultura, constrói junto — e sabe o que está fazendo.
A partir dessa equação, podemos enxergar quatro tipos de profissionais:
- As pessoas certas (valores + competências)
São aquelas que você quer ter por perto em qualquer desafio. Sabem fazer e fazem do jeito certo. Têm integridade, trabalham bem em equipe, são confiáveis e ainda entregam com consistência. São essas pessoas que sustentam a cultura, influenciam positivamente o ambiente e ajudam a construir o futuro da organização. - As pessoas erradas (sem valores + sem competências)
Aqui, a decisão é fácil — ou pelo menos deveria ser. Esse perfil compromete o desempenho e contamina o clima organizacional. A permanência dessas pessoas representa uma falha de liderança, não um ato de paciência. Quanto mais tempo ficam, maior o desgaste. - As quase certas (com valores, mas sem competência)
Essas merecem atenção e investimento. Alinhadas aos princípios da empresa, têm boa vontade e disposição para aprender. Com orientação, capacitação e feedback consistente, podem evoluir rapidamente. Apostar nesse perfil é, muitas vezes, mais eficaz do que insistir em quem já sabe, mas não joga limpo. - As quase erradas (sem valores, mas com competência)
Talvez o tipo mais perigoso de todos. São pessoas que entregam, impressionam, conhecem o negócio, porém atropelam os outros, quebram regras silenciosamente ou criam um ambiente tóxico. Ainda que no curto prazo pareçam imprescindíveis, a longo prazo corroem a cultura da empresa por dentro. São as “maçãs brilhantes, mas podres por dentro” que precisam ser doutrinadas logo ou, então, dispensadas.
No fim, tudo se resume à máxima de Jim Collins: “Primeiro quem, depois o quê.” Antes de decidir para onde ir, você precisa garantir que está cercado pelas pessoas que devem caminhar ao seu lado. Ou, então, até a rota mais promissora pode se transformar em um desvio rumo ao fracasso.
Escolher bem não é sobre ser exigente demais, é sobre proteger aquilo que mais importa. E, consequentemente, às vezes, o maior ato de liderança é simplesmente dizer: essa pessoa não pode continuar aqui.