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Liderança sem sucessão é obra inacabada

A continuidade de equipes, projetos e comunidades depende de líderes que formam outros líderes

Liderança sem sucessão é obra inacabada

A palavra “sucessão” costuma evocar imediatamente a imagem de um fundador que prepara os filhos para assumir o negócio da família. O problema é que restringir o tema a esse universo é um equívoco que custa muito caro.

Sucessão não é assunto exclusivo de quem tem sobrenome gravado no letreiro da companhia. É, antes de tudo, uma responsabilidade de qualquer pessoa que exerce liderança, seja em uma grande organização, em uma equipe de projeto, em uma área funcional ou até fora do ambiente corporativo, como ocorre em comunidades, ONGs e igrejas.

O motivo é simples: toda liderança é transitória. O papel pode mudar, o ciclo pode se encerrar, a energia pode se deslocar para outro lugar — e, ainda assim, o trabalho precisa ser continuado. Você não pode deixar que aquilo que foi construído desmorone quando chega a hora inevitável da passagem de bastão.

É inocência achar que a ausência de planejamento sucessório afeta apenas a presidência de grandes companhias. Ela também causa impacto direto em equipes que ficam órfãs, projetos que perdem ritmo e em instituições que se veem bruscamente interrompidas por falta de continuidade.

Além disso, quando alguém se desenvolve para ocupar o seu lugar, você ganha liberdade para crescer, assumir novos desafios e até repousar. Sucessão é, portanto, uma estratégia de multiplicação — e não um mecanismo de substituição. Ela amplia o alcance da sua liderança.

Fora das empresas, o princípio é exatamente o mesmo. Uma equipe de voluntários que depende exclusivamente de um coordenador perde vitalidade a partir do momento que ele se afasta. Um projeto social baseado no esforço de uma única líder está fadado ao esgotamento. Uma igreja sem preparação de novos líderes corre o risco de transformar missão em memória. Em qualquer comunidade humana, se o futuro depende demais de uma pessoa, o amanhã fica frágil.

O maior obstáculo para tratar de sucessão não é técnico e sim emocional. Muitos líderes temem “perder espaço” ou serem vistos como dispensáveis. Por isso, não compartilham conhecimento, centralizam decisões e se tornam gargalos para o próprio time. Mas a maturidade está justamente em compreender que a liderança não é sobre protagonismo pessoal. É sobre legado. E legado não se cria quando você se eterniza e sim ao se tornar desnecessário.

Pensar em sucessão é, em última análise, um gesto de generosidade e responsabilidade. Significa preparar outras pessoas para assumirem papéis maiores, garantir que as suas conquistas não sejam temporárias e permitir que as coisas continuem a andar mesmo ao não estar mais por perto.

Se você lidera um projeto, uma área, um grupo de trabalho, uma ação social ou um ministério religioso, a pergunta é a mesma: quem está crescendo para assumir quando você precisar sair? Quem está recebendo oportunidades reais de aprender, testar, errar e amadurecer?

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Wellington Moreira

Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Como desenvolver líderes de verdade” (Ed. Ideias e Letras), “Líder tático” e “O gerente intermediário” (ambos Ed. Qualitymark).

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