O aumento do custo de insumos como energia elétrica, água e combustível somadas a elevadas taxas tributárias e encarecimento do crédito atingiram em cheio a produtividade das empresas brasileiras. Nesse contexto, os empresários tendem a se desesperar pela recuperação dos índices de produção, vendas ou lucratividade. Na tentativa de uma reação agressiva ao mercado desaquecido, os empresários correm o risco de criar um clima organizacional ruim, que deixa colaboradores desmotivados e compromete ainda mais a competitividade do negócio.
É natural e desejável que as companhias se esforcem para melhorar processos e para reduzir custos mas é importante lembrar que o engajamento dos funcionários é fundamental. O primeiro passo para que haja compromisso dos colaboradores é deixar claro qual é o posicionamento da companhia no contexto de arrocho econômico. Todos precisam ser orientados. Expor a situação e as metas não é suficiente.
O consultor da Caput Consultoria, Flávio Moura, sugere que as empresas criem meios para acompanhar e quantificar o desempenho de cada um dentro do que foi proposto. Ele alerta que os gestores devem identificar os limites dos colaboradores para não exigir mais do que eles podem oferecer. “Sempre há um limite. As empresas não podem achar que a produtividade e a manutenção da competitividade dependem apenas do desempenho do colaborador, os gestores e a alta direção também precisam fazer a parte deles”, pontua.
As empresas devem dar condições para que se alcance o resultado “é possível promover adequações nos processos, rever o mix de produtos ou serviços, ou mesmo fazer mudanças na política comercial”, aponta o consultor.
Fechar os canais do diálogo franco e insistir em metas fora da realidade podem resultar em um “silêncio organizacional”; Cria-se um clima em que os colaboradores não oferecem resistência explícita ao que está sendo proposto mas também não correspondem à expectativa do gestor. O resultado esperado não é atingido e ninguém sabe o porquê.
As empresas também devem pensar em formas de premiar o colaborador que se esforçou para atingir os resultados. O bônus não precisa ser necessariamente financeiro. Em um contexto de desaceleração do crescimento econômico a garantia do emprego pode ser vista como uma compensação. “A empresa pode propor a redução de custos como uma alternativa às demissões. O empregado se esforça para garantir o trabalho e como resultado a empresa reduz custos e se mantém competitiva sem demitir. Ganha todo mundo”, conclui o consultor.