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Não seja dependente de epifanias

A maior parte das transformações significativas na sua carreira ocorre gradualmente e sem momentos de revelação

epifaniasPense por um instante na principal mudança que você espera realizar ao longo deste ano em sua carreira. Agora responda duas perguntas: 1) Por que ela é tão importante assim a ponto de considerá-la um marco em sua trajetória profissional? 2) E o que te impede de tirar a ideia do papel desde já?

Para algumas pessoas, a resposta da segunda questão é: a espera paciente de uma epifania. A expectativa que elas têm é de que, uma hora ou outra, surgirá um insight revelador e milagroso capaz de mudar tudo ao seu redor. E, a partir desse momento, o que era confuso, obscuro ou desconhecido será claro e preciso.

Como aconteceu com Arquimedes de Siracusa, um matemático grego do século III a.C, que enquanto tomava banho, encontrou uma resposta para o desafio que o rei Hierão II havia proposto a ele. Segundo a lenda, empolgado com a descoberta, Arquimedes gritou Eureka! (que significa “Eu encontrei”, em grego) e começou a correr nu pelas ruas de Siracusa no mesmo instante.

“Devíamos ser ensinados a não esperar por inspiração para começar algo. Ação sempre gera inspiração. Inspiração raramente gera ação”
Frank Tibolt – escritor inglês. 

No mundo de hoje, o mesmo despertar pode ocorrer nas mais diferentes ocasiões. Em uma sessão de terapia, durante um curso que nos ajuda compreender os meandros de um tema complexo, ao sermos arrebanhados por um filme ou livro que nos toca intensamente ou, ainda, durante uma experiência espiritual transformadora.

O problema é que depositar as esperanças em uma epifania costuma nos deixar vulneráveis à inércia e à desilusão. É verdade que alguns momentos podem servir como catalisadores poderosos para a mudança – como ocorreu com Arquimedes –, mas também é verdade que nem sempre podemos contar com eles.

Grandes transformações ocorrem gradualmente, sem alardes e no silêncio. Afinal, elas são o resultado de uma jornada interior, onde confrontamos nossos medos, nossas crenças limitantes e nossos padrões de comportamento. Não é um único momento de revelação, mas sim um processo contínuo de autoconhecimento e crescimento pessoal.

Ao invés de esperar passivamente por uma grande epifania ou um ponto de inflexão dramático, devemos estar abertos às pequenas mudanças que ocorrem em nossas vidas todos os dias. São essas pequenas mudanças que, acumuladas ao longo do tempo, nos levam a um progresso real. Cada decisão consciente, cada ação alinhada com nossos valores e objetivos, nos aproxima um pouco mais da pessoa ou profissional que queremos nos tornar.

Mais do que epifanias, as mudanças verdadeiramente significativas muitas vezes requerem uma “caminhada pelo deserto”. É preciso estar disposto a questionar as próprias suposições, a deixar de lado velhos padrões que já não servem mais e, especialmente, ter a coragem de abraçar o desconforto.

Ouça a entrevista sobre esse mesmo assunto que fizemos na coluna da rádio CBN:

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