O espantalho tem uma função curiosa: está lá, imóvel, apenas para dar a sensação de que existe alguém cuidando do campo. De longe, parece vigiar, mas todos sabem que não tem ação, não toma decisão, não resolve nada.
Nas empresas, infelizmente, também encontramos espantalhos. Pessoas em posição de liderança que se limitam a ocupar espaço, transmitindo a aparência de comando, porém sem o tipo de substância que faz diferença no dia a dia.
Um líder de verdade não se confunde com um espantalho porque sua presença se mede em impacto, não em pose. O espantalho assusta, mas não protege; o líder inspira e age. O espantalho está de pé, estático; o líder se move, pergunta, escuta, orienta, decide.
Cargos e títulos podem até enganar por algum tempo, só que cedo ou tarde todos percebem quem é espantalho e quem é líder. O espantalho fala muito e resolve pouco; o líder pode falar menos, mas deixa claro para onde vamos e o que precisa ser feito. Um só ocupa espaço, o outro cria movimento.
Pense em uma equipe diante de um problema grave: atrasos em entregas, clientes insatisfeitos, conflitos internos. O espantalho convoca uma reunião, repete chavões como “temos que dar o nosso melhor” e sai com a sensação de dever cumprido. Porém, no fundo, nada foi resolvido. Já o líder ocupa esse mesmo espaço e faz perguntas duras, ajuda a destrinchar causas, assume responsabilidades e traça um plano de ação. No dia seguinte, já se percebe a mudança de rota.
Essa metáfora ganha ainda mais força quando lembramos do espantalho de O Mágico de Oz. Ele acreditava não ter cérebro, via-se limitado, quase inútil. E, no entanto, ao longo da jornada com Dorothy, mostrou-se sagaz, capaz de refletir, de sugerir caminhos, de encorajar o grupo. O que lhe faltava não era inteligência e sim autoconfiança para assumir que já tinha dentro de si o que precisava.
Deixar de ser espantalho é menos complicado do que parece. Exige passos simples: assumir a responsabilidade pelas coisas que precisam ser feitas, estar próximo da equipe e não se deixar abalar pelas dificuldades que surgirem ao longo da jornada. Afinal, a liderança não se mede em quantos relatórios você lê, mas em quantas barreiras você ajuda a derrubar. E nisso está a diferença entre ocupar espaço e construir resultados.
Espantalhos sempre existirão nas empresas: imóveis, decorativos, sem efeito real no dia a dia. No entanto, a verdade é que ninguém lembra deles depois da colheita. O líder, ao contrário, deixa marcas porque transforma o terreno. O desafio é encarar a pergunta incômoda: você está cultivando resultados ou apenas fingindo vigiar o campo?
Ou, mais diretamente ainda: se você desaparecesse amanhã, o que sua equipe sentiria? Apenas a ausência física ou também a falta de direção, coragem e suporte?