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O que as demissões no Itaú nos ensinam sobre home-office

O desafio não é o modelo em si e sim empresas e profissionais fazerem a sua parte

O que as demissões no Itaú nos ensinam sobre home-officeNos últimos dias, o Banco Itaú desligou aproximadamente mil colaboradores que atuavam em regime de trabalho remoto por passarem grande parte do dia ociosos, reacendendo um debate sensível no mercado de trabalho: afinal, até que ponto o home-office é produtivo e sustentável em larga escala?

Bem, é importante encarar os fatos com sobriedade. Primeiro, a decisão do Itaú não significa que o trabalho remoto seja algo ruim. Pesquisas recentes apontam que profissionais que operam de casa podem, sim, alcançar altos níveis de entrega, desde que haja clareza de expectativas, boas métricas e alguns rituais de gestão.

O problema surge quando a ausência de proximidade física se soma a processos pouco estruturados, liderança despreparada para engajar pessoas a distância e comunicação deficiente. Nesse cenário, a percepção de improdutividade ganha força.

Também não podemos ignorar outro ponto: a ociosidade apontada pelo banco revela um desafio de gestão, mais do que de localização geográfica. Todos sabemos que colaboradores desengajados ou sem tarefas claras também repetem esse comportamento dentro do escritório. A diferença é que, no espaço físico, o “corpo presente” muitas vezes mascara a falta de entregas reais, enquanto no trabalho remoto a lacuna costuma ficar evidente.

Ou seja, o episódio traz lições valiosas para empresas e profissionais. Para as organizações, é essencial medir a produtividade do trabalhador pela sua entrega de resultados e não apenas pelo tempo conectado. Hoje, há diversas ferramentas de gestão da performance (como o Slack, o Teams e o Trello, por exemplo) que permitem acompanhar projetos, metas e indicadores em tempo real, sem transformar o dia a dia dos colaboradores em um “Big Brother corporativo”.

Já para os profissionais, o recado é claro: trabalhar de casa exige ainda mais disciplina e proatividade. Não basta “estar on-line”, é preciso comunicar tarefas executadas, dar visibilidade às atividades em andamento e assumir o protagonismo da própria rotina. Isso significa criar rituais de produtividade, como ter um planejamento diário, interagir com os colegas de equipe constantemente, registrar seus progressos em checkpoints e ainda pedir feedback ao gestor direto mensalmente. Lembre-se: a percepção de entrega conta tanto quanto o resultado em si.

No fim, o episódio do Itaú funciona como um alerta. O trabalho remoto não é um privilégio, tampouco um direito adquirido sem contrapartidas. É um modelo que exige maturidade, laços de confiança e gestão baseada em dados por parte de todos os envolvidos.

Infelizmente, várias empresas ainda confundem flexibilidade com ausência de gestão e seus profissionais acreditam que home office é sinônimo de liberdade total. E quando esses equívocos se encontram, a conta não fecha.

Mas sempre é bom lembrar que, apesar das turbulências, o futuro seguirá com cada vez mais pessoas trabalhando a distância. Disso nós não podemos duvidar.

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Wellington Moreira

Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Como desenvolver líderes de verdade” (Ed. Ideias e Letras), “Líder tático” e “O gerente intermediário” (ambos Ed. Qualitymark).

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