Todo profissional já viveu aquele momento em que sabe exatamente o que precisa fazer, mas encontra mil motivos para não começar. É humano. A diferença é que alguns contam com gente próxima que os acompanha e confronta sem filtros.
Estudos de Gail Matthews, da Dominican University of California, revelaram que pessoas que estabelecem metas, criam planos e prestam contas regularmente para alguém têm até 76% mais chances de cumpri-las. Não é magia. É o efeito da presença de um terceiro que atua como rede de apoio.
Confrontar não significa ser duro por esporte. Significa colocar luz onde preferimos sombra. Mentores qualificados exercem o tipo de honestidade que raramente encontramos no ambiente profissional — e muito menos nas relações pessoais.
Às vezes você chega dizendo “não consegui avançar porque a semana foi muito cheia”, e o parceiro devolve: “Vamos entender o que realmente aconteceu, pois talvez você só tenha ficado cuidando de amenidades”. É desconfortável, mas necessário. Sem esse incômodo, continuamos presos às mesmas histórias internas.
Nessas horas, a confrontação funciona porque vem de um conselheiro que não está ali para preservar a sua zona de conforto. Ele observa padrões, identifica falas de autoengano e questiona justificativas elegantes que usa para proteger seus hábitos. E faz isso sem julgamento.
Marshall Goldsmith fala muito sobre esse papel de “espelho ampliado” — alguém que reflete não apenas o que fazemos e sim aquilo que evitamos enxergar. Ele diz que um bom processo de desenvolvimento “remove as distorções emocionais que criamos para nos proteger de nós mesmos”. É exatamente isso que um parceiro de prestação de contas faz.
Portanto, um dos principais benefícios é o nível de profundidade das conversas. Como quando você repete há meses que vai se preparar para uma posição de liderança, porém não dá o primeiro passo — e ele pergunta: “Se isso é tão importante, por que não apareceu na sua agenda nem uma vez esta semana?”. Ou quando você jura que vai delegar mais e continua centralizando tudo — e ele mostra, com fatos, o quanto isso lhe custa.
A presença do parceiro de prestação de contas também cria ritmo. Você deixa de ser uma pessoa cheia de boas ideias e passa a ser um profissional que entrega. Pequenos avanços semanais se acumulam. Metas ganham corpo. Em resumo, o potencial vira prática.
No fundo, contar com um bom mentor é aceitar que crescimento relevante não acontece ao acaso. Ele sempre requer alguém que faça as perguntas que evitamos, ofereça a perspectiva que não temos e dê sustentação ao compromisso que tantas vezes abandonamos no meio do caminho.
Pense nisso!