Depois de 25 anos trabalhando como consultor, ainda continuo a ouvir uma pergunta recorrente de gestores dos mais diferentes tipos de empresas: “Estou propenso a capacitar o meu pessoal, mas e se alguns deles saírem logo depois e eu perder tudo aquilo que investi em seu desenvolvimento?”
Para ser sincero, o risco realmente existe. Quando você dirige recursos para T&D não há garantia de que as pessoas continuarão na empresa nos anos seguintes. E o contrário também é verdadeiro: não é porque você treina seus colaboradores com regularidade que terá de, necessariamente, mantê-los na companhia.
Porém, precisamos focalizar a questão de treinar as pessoas ou não sob outro prisma. E, para isso, recorro a três frases célebres que mostram por que existem riscos ainda maiores quando a empresa prefere não pagar para ver.
A primeira delas veio de Henry Ford, que disse no início do século passado:
Só há uma coisa pior que formar colaboradores e eles partirem: é não os formar e eles permanecerem”.
Se a sua empresa não corre risco algum de perder pessoas-chave que trabalham por aí é porque possivelmente o mercado as ignora devido à baixa performance. E esse, sim, é um problema que precisa ser atacado.
A segunda provocação vem de Derek Bok, ex-reitor da Universidade de Harvard, que afirmou com um certo deboche:
Se acreditas que a formação é cara, experimenta a ignorância”.
Realmente não é barato desenvolver pessoas, mas o custo de ter gente incapaz de cumprir o escopo do seu papel é bem maior. Pode ter certeza disso.
Capacitar colaboradores exige recursos financeiros e tempo, mas os benefícios a longo prazo superam qualquer custo. Afinal, profissionais bem preparados são mais produtivos, inovadores e engajados em suas funções, o que contribui para o sucesso e a competitividade da empresa no mercado.
Por fim, lembro ainda a frase de Richard Branson, fundador do grupo Virgin, que certamente é um dos principais executivos do nosso tempo. Branson nos lembra:
Forma bem os teus colaboradores para que possam partir; trata-os bem para que não o queiram fazer”.
Ou seja, temos duas missões: prepará-los a ponto de o mercado querer levá-los e, ao mesmo tempo, criarmos condições para que prefiram permanecer quando surgirem opções atraentes lá fora.
Isso envolve oferecer oportunidades de crescimento, reconhecer o trabalho bem-feito e gerar um ambiente de trabalho vibrante. Quando os colaboradores se sentem valorizados e respeitados, eles são mais propensos a permanecer na empresa, ainda quando ofertas tentadoras aparecem. E, pode ter certeza que elas aparecerão.
Ouça a entrevista sobre esse mesmo assunto que fizemos na coluna da rádio CBN: