Perto do final do ano, nos primeiros dias de janeiro, ou naqueles momentos de inspiração, é quase automático você prometer novos hábitos e/ou almejar grandes feitos. As metas são claras: conquistar uma promoção, abrir um negócio, melhorar a saúde ou, simplesmente, equilibrar a vida pessoal e profissional.
No entanto, há um abismo que separa esse entusiasmo inicial da realidade do processo, que é o verdadeiro desafio a ser enfrentado. Isto é, visualizar o alvo é importante sim, desde que você também esteja disposto a fazer tudo aquilo que a maior parte das pessoas não topa de jeito nenhum.
Tomemos como exemplo uma meta comum e aparentemente simples: adquirir fluência em um novo idioma. No início, a pessoa contrata um professor particular, adquire livros e baixa aplicativos. Mas, semanas depois, quando ela percebe que a fluência exige estudo diário, as aulas vão sendo canceladas, as lições são deixadas para depois e, em questão de meses, a meta parece mais um peso do que uma inspiração. O processo — estudar todos os dias, ouvir, falar e se expor ao desconforto de errar — é abandonado.
E por que isso acontece? Geralmente, há falta de clareza sobre o valor das pequenas ações cotidianas que, acumuladas, resultam no sucesso desejado. A “glamourização da meta” obscurece o entendimento de que o processo é onde se ganha consistência, habilidades e autoconfiança para alcançar o objetivo.
A solução, portanto, é valorizar o processo e não apenas o resultado final. Muitos atletas e artistas bem-sucedidos relatam que o amor pelo trabalho do dia a dia é o que sustenta suas carreiras, e não necessariamente a busca constante por troféus ou aclamação pública. O prêmio é importante, mas o que o torna possível é a disposição para enfrentar o processo: os treinos repetitivos, os fracassos e as horas que ninguém vê.
Pensando no mundo corporativo, você pode almejar uma carreira executiva de sucesso e ter potencial de sobra para chegar até lá. A questão é que, antes de receber as grandes recompensas, precisa estar disposto a “pagar o preço” delas e isso não será nada fácil quando seus esforços parecerem desproporcionais ao valor da meta.
É por isso que o segredo talvez esteja em cultivar o que alguns chamam de “músculo da disciplina” — a capacidade de persistir, mesmo nos dias menos motivadores, e de buscar prazer nos próprios desafios que surgem ao longo da jornada.
Uma das formas de atingir esse estado de disciplina consciente é incorporar pequenas recompensas no caminho. Alguém que deseja ser mais saudável, por exemplo, pode transformar o hábito de cozinhar refeições de baixa caloria em um ritual prazeroso e gratificante, e não apenas uma obrigação. Isso não elimina a dificuldade, mas suaviza o peso.
Na próxima vez que pensar em uma meta, pergunte a si mesmo: estou pronto para o processo? É nele que se constrói a verdadeira grandeza. Como Michael Jordan insiste em dizer:
Não busque resultados, busque o processo e os resultados virão”.