A cada ano que passa surgem listas e listas das profissões do futuro que tentam apontar as áreas mais promissoras para quem ainda está fazendo a primeira escolha e àqueles que pretendem dar uma guinada na carreira durante os próximos anos ou, ao menos, transformar-se a fim de se manter “vivo” em sua área.
O grande problema é que o mundo atual, marcado pela altíssima dinamicidade e imprevisibilidade, não tem consagrado os futuristas de plantão. Muito pelo contrário. Todavia, se é impossível calcular com precisão as profissões que o mundo novo demandará daqui adiante, é viável apontar algumas carreiras nas quais vale a pena ficar de olho.
O contexto favorável de desenvolvimento econômico do país combinado com grandes eventos esportivos deve manter em alta, por exemplo, profissionais formados em medicina, odontologia, direito, pedagogia, administração, economia e engenharia. Áreas tradicionais e responsáveis por apoiarem o crescimento de uma nação.
Aliás, todos os tipos de engenharia mostram-se animadores. Estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o Confea, apontou que os investimentos no setor mineral, o intenso crescimento da indústria alimentícia, as obras de infraestrutura espalhadas pelo Brasil, a necessidade permanente de inovação tecnológica e as exigências de um desenvolvimento ecologicamente sustentável já requerem um número de engenheiros superior à mão de obra existente.
Quanto às profissões da saúde, outra tendência corroborada por vários especialistas é a de que a interdisciplinaridade veio para ficar. Assim, formados em medicina, enfermagem e odontologia deverão somar ao seu portfólio especializações em diferentes áreas, como química, engenharia e física, dentro do novo paradigma médico.
Já as neoprofissões vinculadas às áreas de tecnologia, marketing e comunicação devem crescer consideravelmente a partir de agora, visto que as companhias precisam encontrar formas de estreitarem relacionamentos com seus públicos de interesse, além de se tornarem produtoras de conteúdo relevante em seus mercados de atuação.
Ao mesmo tempo, as oportunidades para profissionais técnicos e tecnólogos deverão continuar em alta, especialmente a corretagem de imóveis e as ocupações advindas do atrativo mercado de beleza e estética. O mesmo deve ocorrer na indústria, pois se o número de engenheiros cresce, é imprescindível que haja um batalhão de técnicos preparados para executarem o trabalho nos canteiros de obras e nas unidades operacionais das fábricas.
Antigamente as pessoas que se preocupavam por saber quais eram as profissões cotadas como “de futuro” eram aquelas que ainda não haviam ingressado no mercado de trabalho. No entanto, atualmente ninguém mais pode se dar ao luxo de estabelecer um casamento para a vida toda com a sua profissão de origem. Ao menos se tiver amor pela carreira que construiu.
Em meio a estas discussões a pergunta que surge é: será que os profissionais brasileiros estão preparados e qualificados para atuar frente ao novo paradigma ou estamos formando pessoas para um mundo obsoleto daqui a poucos anos?
No Rio de Janeiro e no Espírito Santo, por exemplo, os investimentos feitos pelo governo brasileiro para a captação de petróleo na região do Pré-Sal já têm exigido uma gama de competências tão específicas aos profissionais que trabalham nos quadros das fornecedoras da Petrobras que estas companhias começaram a recrutar gente de fora aos montes a fim de cumprirem os contratos existentes.
É admirável dedicarmos atenção às profissões do futuro, mas é muito mais relevante analisarmos com profundidade se estamos formando profissionais para o futuro. Enfim, chegou o momento de decidirmos o que faremos com o amanhã antes que ele não faça algo conosco.