Acompanhando as Olimpíadas nos últimos dias tivemos a grata surpresa de conhecer mais de perto atletas como Arthur Zanetti, Sarah Menezes e Yane Marques, bem como o sentimento de frustração por causa do desempenho pífio de alguns esportistas nos quais depositávamos grandes expectativas de medalha.
Não podemos esquecer que os atletas de outros países também se prepararam muito bem e nosso ufanismo em relação a conquistas obtidas nas competições preparatórias talvez nos tenha deixado novamente empolgados demais com os resultados que viriam de Londres. Só uma coisa não mudou: a falta de controle emocional na hora H foi decisiva para o baixo rendimento apresentado por alguns deles. E não estou conjecturando.
Se você prestou atenção às entrevistas de atletas e treinadores brasileiros de diferentes esportes após maus resultados – especialmente das modalidades individuais – pôde ver que as explicações dão conta de que muitos deles estavam bem preparados tecnicamente, mas não conseguiram domar a ansiedade justamente no momento de fazerem valer os anos de treinamento intenso.
O pior é que o desequilíbrio emocional já é um tormento há vários anos para alguns atletas, como o ginasta Diego Hypólito que mais uma vez sofreu uma queda durante a sua apresentação no solo e foi eliminado precocemente. “Falhei de novo, caí de novo, decepcionei de novo. Caí de cara em mais uma Olimpíada. Não sei o que acontece comigo”, disse com sinceridade ímpar. “Tantas pessoas me deram apoio e cheguei aqui e caí, mais uma vez de cara. Não errei por falta de incentivo, não errei por falta de investimento, não errei por falta de nada. Errei porque errei. Amarelei!”
Enquanto isto o jamaicano Usain Bolt assombrava as pistas com recordes, irreverência e uma autoconfiança que beira a irresponsabilidade. Só não podemos esquecer que, por detrás da figura caricata e brincalhona deste velocista há alguém que treina muito e, acima de tudo, encontra-se preparado mentalmente para vencer.
Não basta saber lutar, nadar ou saltar bem. O controle emocional é decisivo quando o atleta está diante de adversários competentes e sabe que milésimos de segundo a menos ou uma jogada diferente a mais colocarão – ou não – o seu nome na história do país e o mesmo acontece nas diferentes esferas do nosso dia a dia.
O aluno que estudou o ano todo para uma prova de concurso muitas vezes é vencido pela falta de sangue-frio que o leva a errar questões fáceis ou a não administrar bem o tempo disponível para o exame. E as pessoas que possuem currículos invejáveis, mas que passam o maior vexame nas entrevistas de emprego por causa da dificuldade de lidarem com as suas emoções? E não menos importante é o pavor que sentem aqueles que precisam fazer uma apresentação dos resultados para a diretoria da companhia.
Ainda bem que o contrário também é corriqueiro. Se você é um analista ainda sem muito tempo de empresa, contudo já reconhecido pela capacidade de transmitir segurança frente às mais diferentes situações é bem provável que seja promovido a um cargo superior mais cedo ou tarde exatamente por causa disto.
Muitas vezes o profissional possui alta competência técnica e bem no momento em que precisa defendê-la não consegue domar os nervos. Deixa de contar até dez e estoura com o chefe ingenuamente, retrai-se naquela reunião em que deveria expor suas ideias ou então entrega resultados medíocres por causa do medo de vencer.
Saber atuar quando pressionado não é apenas uma competência a ser buscada. Dependendo do trabalho que você desempenha esta será a diferença entre vencer ou perder e isto vale tanto para atletas olímpicos quanto para cada um de nós.