“Envelhecer é um processo natural iniciado com o nascer biológico, a partir do qual nos tornamos todos envelhecentes no curso da existência.” Moretti
O Brasil está envelhecendo!
Segundo dados do IBGE, a população idosa vem crescendo e se impondo. São 14,5 milhões, cerca de 8,6% da população brasileira, conforme Censo 2000. Em 1991 o pessoal com mais de 60 anos correspondia a 7,3%. E de acordo com dados da OMS, estima-se que em 2025 o Brasil seja o 6º país com maior número de idosos.
Outrossim, pelas estimativas do IBGE a população dos idosos com mais de 100 anos deve chegar a 2,2 milhões de brasileiros em 2050.
Todo esse crescimento na expectativa de vida teve início a partir das décadas de 1950/1960, quando um grande contingente populacional começou a migrar do campo para a cidade, onde havia melhores condições de vida. A maior facilidade de acesso à medicina preventiva e às vacinas, por exemplo, acabaram fazendo a diferença entre continuar vivendo ou morrer.
Além disso, o avanço das pesquisas com células-tronco – que são capazes de substituir células doentes – deverá contribuir para prolongar ainda mais a vida de muita gente.
E essa transformação demográfica já começa a ter reflexos em diversos setores, dentre eles: no comércio, segundo dados da pesquisa do Programa de Estudos do Futuro (PROFUTURO, da FIA/USP) o perfil do consumidor brasileiro em 2010 será composto por mulheres e idosos – eles ditarão novas regras para o mercado. Quanto aos idosos, o mercado voltará suas atenções para as atividades desse grupo, incrementando produtos relacionados a lazer, turismo, serviços médicos, construção civil e transportes. Será uma demanda nova, com características particulares. Um público com propensão a gastar mais tempo e recursos financeiros com novos serviços, como por exemplo a Internet.
No mercado de trabalho, a tendência é alterar a composição da mão de obra. Cada vez mais as empresas contratarão os idosos para fazerem parte do seu quadro de funcionários pelo “jogo de cintura”, sabedoria, vivência e conseqüentemente “conhecimento” (requisitos muitos valorizados nos dias de hoje) que possuem, ainda pelo aspecto da responsabilidade social, além da questão comercial pois os clientes dessas mesmas empresas serão compostos por muitos idosos no futuro.
Atualmente já temos muitos exemplos de empresas que empregam idosos. A Pizza Hut é uma delas, lançou o Programa Atividade, que emprega 16 funcionários com mais de 60 anos entre os 450 colaboradores da rede. Após um ano, a empresa já percebe muitos benefícios, entre eles que a convivência dos muitos jovens com os mais velhos deixou o clima leve, descontraído, mais amistoso, que reforça o afeto e a clientela demonstrou a preferência pelas pessoas de mais idade.
Outra empresa que obtém sucesso com a contratação de idosos é a Bosch, em Curitiba. A iniciativa envolveu grande parte das quase 500 empresas da cidade industrial da capital do Paraná. Entre os cerca de 15 mil habitantes de Vila Verde, comunidade carente encravada no centro das indústrias, 85% estão entre 50 e 70 anos.
Com essa nova realidade, surge a necessidade de arranjos intergeracionais que possibilitem a convivência harmoniosa entre as gerações no mesmo ambiente de trabalho e é imprescindível que as áreas de Recursos Humanos das organizações se preparem para gerir seus talentos tendo em vista o processo de envelhecimento da população.
Que os jovens e adultos de hoje se preocupem em preparar a futura velhice e que todos tenham vontade de viver, pois as novas tecnologias tem oferecido oportunidade para a longevidade e o mundo já espera por isso.
E lembre-se sempre da vitalidade de Cora Coralina que começou a publicar seus escritos aos 70 anos.
