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‘Negócio de família!’

Mais de 90% das empresas brasileiras são familiares. E apenas 5% delas chegam à terceira geração

negócio-familia-01 Você já deve ter escutado o ditado “amigos, amigos, negócios à parte!” Velho (e sábio), o conselho tão óbvio nem sempre é tão claro para a maioria: a intimidade nas relações profissionais precisa ser avaliada com cautela, pois requer maturidade e experiência. Se puder, evite-a.

A expressão também ilustra outro tipo de relação: a do “negócio de família”, em especial para àqueles que não conseguem separar as duas coisas: “empresa é empresa, e família é família”. A frase é do consultor empresarial Wellington Moreira, que orienta como lidar com este contexto para garantir a sobrevivência das organizações.

Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apontam que existem cerca de 80 milhões de empresas no Brasil, das quais 90% são familiares. Com um cenário de empreendimentos geridos por uma ou mais famílias, onde a sucessão do poder decisório é hereditária, este tipo de organização tem suas vantagens (continuidade do negócio e das diretrizes administrativas, relações comunitárias e comerciais firmadas na tradição e na boa reputação, dentre outras), mas também tem as dificuldades no processo decisório pela centralização do poder, o conservadorismo que pode emperrar as inovações e o desenvolvimento, ou ainda a falta de investimento na qualificação dos administradores pela garantia da ‘cadeira cativa’.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente 30% das empresas familiares sobrevivem à segunda geração. Uma matéria publicada pela Revista Conceitual traz que “apenas 5 em cada 100 empresas chegam à terceira”. Dentre os principais motivos da falência, o consultor destaca:

-a falta de planejamento sucessório (em 54% das empresas que terão mudanças na gestão, 56,8% pretendem transferir o comando para a próxima geração, mas apenas 26% dedicam esforços para capacitarem os futuros herdeiros*);

– a falta de qualificação dos profissionais. Onde há o sentimento de ser ‘insubstituível’, provavelmente haverá ‘acomodação’ e se as pessoas não evoluem, mesmo sendo ‘parte da família’, também não evoluem as possibilidades de aprendizado, aperfeiçoamento, atualização, competitividade, imprescindíveis para qualquer negócio;

– vida pessoal X vida profissional. Essa “mistura” é fatal quando as questões familiares vão parar dentro dos ambientes profissionais e vice-versa. Certamente as relações ficarão ainda mais estremecidas;

– finanças da empresa x finanças pessoais. O dinheiro está logo ali, no caixa, e a necessidade pessoal bem aqui. Não é incomum que os proprietários ou sócios administradores utilizem os recursos da empresa para aquisição de bens pessoais ou para o pagamento de dívidas da família. O erro é clássico e compromete não somente a saúde financeira da instituição, que precisa honrar e saldar seus compromissos com funcionários, fornecedores, mas também torna “insalubre” as relações entre sócios na prestação de contas, por exemplo.

negócio-familia-02 Para Wellington, que em seu artigo “Empresa não é uma família” compara o popular discurso – “aqui somos uma família!”, das empresas que desejam transmitir harmonia e unidade, com a realidade prática de não se comportarem caseiramente, vale a pena refletir sobre alguns cuidados para não transformar o ambiente corporativo num grande quintal. “Concordo que para muitos é difícil deixar de lado este tipo de comparação, afinal quase 90% das empresas brasileiras são dirigidas por famílias, com suas peculiaridades. Firmas em que pais, irmãos, tios, primos, trabalhadores que não têm laços consanguíneos – mas são percebidos como “gente de casa” – e outros que acabaram de chegar, têm de separar sua vida pública da privada na hora de tratar dos negócios. O problema é que a chave liga-desliga não funciona para vários deles”, alerta o consultor.

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