Muitas vezes ficamos admirados com o modelo de gestão de pessoas praticado nas empresas de tecnologia porque elas parecem trabalhar perfeitamente, mesmo não adotando muitas regras de conduta. Ledo engano.
Toda companhia bem-sucedida deixa muito claro aos seus colaboradores aquilo que pode e o que não pode ser feito, tenha ela uma estrutura hierárquica ou horizontal.
O que muda é a forma como as regras são expressas. Numa empresa tradicional, a alta direção costuma dizer exatamente o que quer de você e exige obediência, enquanto que as organizações da Nova Economia apresentam diretrizes gerais acreditando que você usará o bom senso no caso concreto. Dando um exemplo, se nessa última a orientação básica é “Evite situações com o cliente que possam colocar a sua reputação em risco”, naquela outra a mesma norma seria “Não almoce com clientes”.
Regras de conduta – orientações das rotinas
Muitos líderes não querem estabelecer regras porque acreditam que elas são desnecessárias em seus times de trabalho. Contudo, sem acordos de desempenho você fica na dependência das pessoas serem virtuosas para que as coisas andem minimamente bem. E só posso dizer uma coisa: na prática, isso não funciona de jeito nenhum em equipes com mais de cinco integrantes. Eles podem ter virtudes, mas não são as mesmas.
Toda equipe de alto desempenho é orientada por regras ou padrões de comportamento que são válidos para todos os seus membros. Talvez a sua equipe não esteja produzindo na medida necessária porque, dentre outras coisas, falta deixar claro que a reunião das segundas-feiras inicia às 8h00 e não às 8h15, logo depois do papo-furado. Contar apenas com o bom senso das pessoas é abster-se de liderar.
Por outro lado, isso não quer dizer que você tenha de ficar criando normas para tudo. O que precisa é regular as questões que afetam os resultados da equipe, sem engessar a companhia. Certa vez atendi uma empresa na qual o dono queria limitar o número de vezes em que os funcionários iam ao banheiro. O problema é que essa regra não tocava no verdadeiro problema que era a baixa produtividade do time. Aliás, só piorava as coisas.
Deixe as regras bem claras
Lembre-se também que o simples fato de você estabelecer regras em sua empresa não é suficiente para que as pessoas logo passem a cumpri-las. É preciso deixar claro o que vai acontecer quando o colaborador fizer a sua parte e que tipo de sanção haverá diante do descumprimento do acordo. Se não existem consequências, a regra “não pega” e o que mais se escuta na empresa acaba sendo o fatídico: “Isso não vai dar em nada”. Ceticismo é aquilo que se colhe se os combinados não são respeitados e, mesmo assim, nada acontece.
Outra coisa interessante é que algumas regras têm de vir da direção da empresa, mas outras podem – e devem – ser construídas em conjunto. Quando a norma parte do grupo, seus membros zelam por ela. E quem decide violá-la logo escuta críticas, reprimendas ou, até mesmo, é expulso por aqueles que sentem que estão ali para não deixar que as coisas saiam do eixo.
O hábito de escrever as regras no papel e colocá-las num lugar visível a todos também é interessante. Pode ver: nos banheiros em que existem recomendações sobre não jogar papel no vaso sanitário, dar descarga ao sair e utilizar poucas folhas de papel ao enxugar as mãos, a limpeza geralmente é maior.
Dicas práticas
Diante disso tudo que descrevi, penso que agora vale a pena você refletir algumas questões:
– Quais normas ou acordos acredita que devem vigorar o quanto antes em sua equipe para que o clima de trabalho melhore e os resultados cresçam?
1- Quais combinados antigos têm de ser repactuados, afinal ninguém zelou por eles até agora?
2- Que tipo de acordo precisa ser colocado no papel por que o apelo verbal ou uma cara amarrada tem se mostrado insuficientes?
3- Quais regras inúteis vem atrapalhando seu time há muito tempo e devem ser esquecidas?
E é claro, converse com a equipe sobre esses pontos logo que puder. Reflexão sem ação não gera progressos.