Confesso que, quando era mais jovem, não fui muito adepto de jogos eletrônicos. Porém, conversando com meus filhos sobre o assunto recentemente, pude compreender como esses games têm influenciando a forma como eles enxergam o mundo.
No passado, jogos de lutas, como o Street Fighter, estimulavam uma competição acirrada e o correto parecia ser guardar segredos e macetes para ganhar dos adversários.
Hoje, a realidade é outra. Os indivíduos crescem em um ambiente conectado e são educados para o diálogo e o compartilhamento de ideias. Desta forma, jogos como o Minecraft ganham cada vez mais espaço.
Minecraft
Após receber uma verdadeira aula dos meus filhos, percebi que esse jogo – que é basicamente feito de blocos –, não possui uma forma de vencer e tampouco segue um enredo. O grande objetivo é criar o mundo que você quer utilizando as ferramentas disponíveis e depois compartilhar suas ideias com outros jogadores, que também trocam experiências e soluções para os desafios do game. Aliás, foi esse o ponto que mais me chamou a atenção: as crianças, mesmo brincando, estão se preparando para a vida.
Durante os próximos anos, o trabalho colaborativo será adotado em praticamente todos os negócios e me surpreende o fato de que a maioria das pessoas ainda o enxerga apenas como sinônimo de escritórios compartilhados ou daquela simples distribuição de tarefas numa equipe.
Existe trabalho colaborativo de verdade quando as pessoas compartilham ideias, experiências e informações com o propósito de alcançarem um objetivo comum. Por isso, mudar a empresa para uma sala ampla, bem decorada e sem paredes não faz milagre se cada profissional do time continua no quadrado dele e não sai dali de jeito nenhum.
Nas companhias em que o trabalho colaborativo já é uma realidade, as pessoas atuam em conjunto numa sintonia incrível, ainda que estejam distantes fisicamente. Aliás, são essas mesmas equipes que geralmente produzem veículos e outros produtos de consumo que eu, você e o mundo todo queremos adquirir.
“Nós” na frente do “eu”
Num futuro próximo, boa parte das equipes de trabalho da sua empresa será formada por profissionais contratados por tempo limitado, que atuarão em projetos com um escopo bem definido. E depois eles seguirão para novos projetos na mesma companhia ou fora dela.
Infelizmente, a maior parte dos trabalhadores terá grandes dificuldades em fazer essa transição. Numa sociedade marcada pelo individualismo, temos muitas práticas nas empresas que estimulam a competição e não a parceria. O resultado é que muita gente que sonha em trabalhar numa equipe colaborativa nem sequer compreendeu que, antes de qualquer coisa, precisa colocar o “nós” na frente do “eu”.
Se você me permite um conselho: em vez de ficar trancafiado em sua sala tocando aquele projeto que dá conta sozinho, convide algumas pessoas para ajudá-lo a melhorar o que passa pela sua cabeça. Quando for mudar algo em seu departamento, peça a opinião de gente de outras áreas. Participe de fóruns na internet para saber como profissionais estão aprendendo uns com os outros sem nunca terem se encontrado presencialmente. E, se possível, visite uma empresa de software para ver de perto como eles performam em meio ao caos organizado.
O mundo em que fazíamos tudo sozinhos está no fim. É preciso que você esteja preparado para o novo que vem por aí.