Buscamos uma gestão do tempo cada vez mais eficaz e por isso nos últimos anos surgiram vários métodos que prometem facilitar o planejamento, a organização e a execução das tarefas. Em comum, todos eles exigem disciplina pessoal e não devem ser encarados como receita de bolo.
A técnica Pomodoro, por exemplo, criada por Francesco Cirillo, é uma das mais difundidas mundo afora e foi desenvolvida quando ele começou a apresentar dificuldades de concentração nos estudos durante a faculdade e vislumbrou uma ideia para tratar seu problema. Ao olhar um timer de cozinha em formato de tomate – Pomodoro, em italiano -, decidiu testar se conseguiria estudar sem parar ao longo de um determinado período.
Para isso, ele colocou no papel tudo aquilo que considerava prioritário e precisava cumprir. Depois marcou o tempo em um timer e começou a trabalhar 25 minutos ininterruptos em cada uma das tarefas. Ao término desse tempo, descansava de 3 a 5 minutos e a cada quatro ciclos, fazia uma pausa mais longa de 15 a 30 minutos.
Essa técnica pode ser bastante atraente para evitar a procrastinação, ainda mais se você é uma daquelas pessoas que não conseguem se concentrar. No entanto, é preciso manter os pés no chão e saber que este método – como qualquer outro – possui limitações.
Segundo Cirillo, cada Pomodoro (período de 25 minutos) deve ser dedicado a somente uma tarefa e se você finalizá-la antes desse tempo, deve revisar o trabalho feito até que seus segundos se esgotem. A questão que me vem à cabeça é: você acredita que estará sendo produtivo quando concluir um trabalho em 10 minutos e for obrigado a investir outros 15 em sua revisão?
E nos casos em que o Pomodoro é estourado e você tem certeza de que apenas mais alguns preciosos minutos seriam suficientes para encerrar a tarefa? A regra diz que ao término dos 25 minutos você deve parar imediatamente e dedicar o tempo da pausa para outras coisas, mesmo que isto lhe cause a sensação de improdutividade e o faça perder todo o esforço empreendido para obter um bom nível de concentração.
Contudo, creio que a regra mais complexa de se seguir é aquela que preceitua: “você deve evitar interrupções externas, devendo postergá-las até o fim do Pomodoro”. É um bom princípio a ser seguido, mas, como não atender a ligação daquele cliente com o qual tanto precisa falar se ele procurá-lo durante o Pomodoro? E se houver uma solicitação urgente do seu superior?
É claro que precisamos ser disciplinados ao adotar qualquer tipo de método para que ele funcione de verdade, só que também é importante adequá-lo às nossas necessidades, afinal ele existe para nos servir e não o contrário.
Percebo que muitas pessoas estão exageradamente sedentas por encontrar algum modelo mágico que transforme suas rotinas e acabam não parando para pensar até que ponto esses “métodos de salvação” realmente as ajudam e o quanto engessam suas rotinas.
Como cada um de nós possui diferentes prioridades e objetivos de vida, creio que jamais haverá uma técnica de gestão do tempo que convenha integralmente a todo ser humano. O que encontraremos são princípios gerais valiosos, mas escondidos por detrás das regras que todo modelo insiste em nos apresentar.
No caso da técnica Pomodoro, o ensinamento é que intensidade e concentração são muito mais importantes do que a quantidade de tempo que alocamos no trabalho, especialmente se quisermos executá-lo de modo produtivo.