Tema de um seminário inédito que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) promoverão em conjunto na próxima semana, em Brasília, a rotatividade no mercado de trabalho não faz distinção de classe. Atinge todos os setores da cadeia produtiva. Embora a taxa de desemprego no País esteja num nível considerado estável pelo governo, ninguém está imune a uma demissão. E para quem já passou por essa experiência ou está encarando o problema pela primeira vez, o momento é oportuno para revisitar a carreira, atualizar o currículo e buscar oportunidades que a estabilidade perdida não permitiram ver.
“Em geral, o profissional que é desligado de uma empresa, principalmente depois de uma certa estabilidade que tinha no cargo, fica muito perdido, acaba não sabendo por onde começar. O que eu mais recomendo nesse momento é a revisão do currículo”, afirma a gerente de Recursos Humanos de uma agência de recrutamento em Londrina, Thais Carneiro Monteiro. E essa revisão, segundo ela, passa por uma avaliação retrospectiva da própria carreira, levantando aspectos positivos e negativos do que produziu, além da procura por cursos e treinamentos voltados à área de interesse. “Muitas pessoas deixam de fazer esse tipo de investimento porque quando perdem o emprego não querem gastar, é um momento de recessão de receita. Mas hoje há várias oportunidades de cursos a distância, gratuitos ou com valor acessível para buscar essa reciclagem, que é importante”, orienta a profissional.
Networking
O consultor empresarial Wellington Moreira lembra que os cursos, seminários e eventos do tipo são uma ótima oportunidade de ampliar as relações profissionais e estabelecer novos contatos que podem ser importantes para uma futura recolocação no mercado. Aquilo que os recrutadores chamam de networking. “Eu vejo muita gente fazendo cursos não por causa da formação que está buscando, mas de quem estará nesses eventos. É a chance dele mostrar sua competência numa dinâmica de grupo ou em discussões do que anda acontecendo em sua área de atuação”, acentua.
Para Moreira, o ideal mesmo é que o profissional não espere perder o emprego para fazer essa reciclagem. Quanto menos investir em sua carreira, mais dificuldade ele terá de se reposicionar. “Hoje em dia algumas pessoas se ressentem quando tentam retornar ao mercado porque a grande questão é não precisar dessa reciclagem. Porque todo mundo que deixa para pensar nisso depois que perde o emprego ou uma posição, tem muita dificuldade mesmo”, afirma o consultor. Segundo ele, as pessoas que mantêm um alto grau de empregabilidade estão sempre fazendo uma entrevista, dando um jeito de mostrar ao mercado que “estão vivas”. Ao passo que quem não se recicla corre sempre o risco de ficar para trás.
“E aí os resultados às vezes vêm seis meses depois, um ano depois. E nem sempre a pessoa tem estrutura emocional e até financeira para passar esse período”, afirma Wellington Moreira, acentuando que em média uma pessoa se recoloca no mercado de trabalho recebendo em torno de 70% do salário que ganhava no emprego anterior.
Planejamento
Uma das maneiras de se evitar essa súbita desvalorização do passe é se planejar financeiramente, aponta a gerente de RH Thais Monteiro. “É importante o profissional que ficou desempregado ter cuidado em reter uma reserva de dinheiro para que não se apure e saia aceitando qualquer oportunidade só por necessidade financeira. É bom procurar se planejar financeiramente para fazer uma escolha mais assertiva, condizente com seu projeto profissional”, salienta.
Gerente de desenvolvimento organizacional em uma outra agência de recrutamento em Londrina, Ruth Hayashi lembra que não basta o trabalhador investir apenas em sua qualificação profissional para retornar mais preparado ao mercado. “É importante que ele também desenvolva suas habilidades comportamentais, que podem ser essenciais no processo seletivo. Não adianta ter uma boa qualificação, mas não possuir habilidade de liderança necessária para uma função que ele procura. E isso pode ser trabalhado em programas específicos de recolocação”, ressalta. É a máxima do mercado: “Quanto mais ficar parado, mais o mercado começa a se fechar”, define o consultor Wellington Moreira.
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