Thomas Alva Edison, empresário norte-americano que viveu até o início dos anos 1930, é considerado até hoje o maior inventor de todos os tempos por causa de suas 2.332 patentes e criações como o fonógrafo, o microfone, o projetor de cinema e, especialmente, a lâmpada elétrica.

Sempre dizia que “talento é 1% inspiração e 99% transpiração” procurando justificar porque não se considerava um gênio e inclusive há uma passagem conhecida que reforça esta crença. Certa vez um jornalista lhe perguntou porque não desistia da ideia de criar uma lâmpada incandescente, quando duas mil tentativas em seu laboratório já tinham sido infrutíferas. Ele respondeu: “Eu não fracassei duas mil vezes. Eu encontrei duas mil formas pelas quais a lâmpada elétrica não funciona”.

Nos últimos anos o professor Karl Anders Ericsson, da Universidade da Flórida, conduziu uma pesquisa que ganhou grande repercussão por causa do livro “Outliers” (“Fora de Série”, no título em português), de Malcolm Gladwell. Segundo seus estudos, personalidades geniais não possuem um QI altíssimo e, a princípio, qualquer pessoa pode alcançar feitos extraordinários ao seguir alguns padrões comportamentais.

Batalhe pelo sucesso

Gladwell aponta que o oportunismo e muito treino explicam o sucesso de pessoas que são reconhecidas como experts em escala global. Bill Gates, por exemplo, teve acesso a um computador que possibilitava programação direta enquanto era estudante, uma raridade na época, o que lhe proporcionou um aprendizado que outros milhares de acadêmicos com o mesmo potencial só viriam a ter anos depois.

Com relação ao treinamento, Ericsson descobriu que pessoas muito bem-sucedidas investiram 10 mil horas de treinamento pesado até alcançarem o estrelato em suas áreas. Isso dá aproximadamente 10 anos se você trabalhar 3 horas todo santo dia naquilo em que pretende ser ótimo. Todavia, se o esforço não for tão intenso assim e você conseguir reservar apenas uma hora diária para tal, serão necessários 27 anos para chegar ao mesmo nível.

Gladwell relembra que até os Beatles passaram por isso. Entre 1957 e 1962 eles fizeram aproximadamente 1200 shows em clubes de strippers e bares de pouca expressão de Hamburgo e Liverpool até que o primeiro sucesso catapultasse a carreira da banda. E isto não ocorreu somente com eles, mas com outros grupos de rock, atletas, cientistas e educadores que buscaram a excelência a todo custo.

Os neurocientistas também têm uma explicação. A dedicação prolongada a uma tarefa, desde que com variações, transforma o cérebro. Portanto, quanto mais você erra tentando coisas novas e difíceis, mais evolui; ao passo que fazendo aquilo que está dentro do seu campo de domínio cometerá poucos erros, mas também não se desenvolverá. Tudo bem se estiver satisfeito com o que alcançou, mas um verdadeiro tiro no pé se pensa em chegar muito mais longe.

O que te motiva?

No entanto, o que leva alguém a investir 10 mil horas em treinamento? Uma profunda obsessão por aquilo em que a pessoa decidiu ter um desempenho estupendo, como poucos no mundo. Alguns chamariam de paixão por aquilo que se faz e não estariam errados, afinal de contas é ela que o levará a trabalhar com entusiasmo e foco mesmo nas horas em que seus amigos estiverem tomando um chopp ou dormindo.

Manter-se em aprendizado dia após dia e ainda ter a consciência de que o erro novo o aproxima da excelência não é fácil. Porém, pode ser confortável saber que também não foi nada simples para Mozart, Thomas Edison, Bill Gates, Steve Jobs, Pelé, Ayrton Senna e tantos outros que só se tornaram referências mundiais ao combinarem talento, oportunismo e tenacidade.

Se você tiver dúvida disso pergunte a alguém que se formou em medicina com louvor, ganhou uma medalha olímpica ou então educou seus filhos com amor e desprendimento. Eles também dedicaram suas 10 mil horas.