Sou fã dos livros clássicos de gestão que, mesmo depois de décadas da sua primeira publicação, ainda estão à venda nas livrarias. Um deles é “O desafio da liderança”, escrito por James Kouzes e Barry Posner, que permanece relevante há mais de 30 anos.
A principal contribuição da obra, a meu ver – dentre outros insights preciosos –, foi Kouzes e Posner tocarem em um ponto crítico: a verdadeira essência da liderança. Nas palavras deles:
“A maioria de nós concorda sobre o que queremos dos líderes. Queremos que sejam críveis e que tenham um senso de direção. Os líderes devem ser capazes de se colocar à nossa frente e exprimir de modo confiante uma imagem atraente do futuro – e nós devemos ser capazes de acreditar na capacidade deles para nos conduzir até lá”.
Quando alguém me pergunta sobre os pilares da liderança, geralmente recorro a este trecho lembrando a pessoa de que não é possível que ela atue como líder de si mesma – e muito menos como líder de outras pessoas – se ainda não tem ideia para onde caminhar.
Porém, concordo que ter senso de direção hoje em dia não é tarefa fácil. As coisas mudam tanto e tão rápido que é comum nos sentirmos perdidos e vulneráveis, mesmo pouco tempo depois de termos demonstrado algum tipo de convicção sobre a “próxima montanha” a ser escalada.
Por isso, é importante você se questionar a todo momento: “Será que estou fazendo a coisa certa? É aqui que realmente preciso colocar o meu tempo? Não me empolguei demais com algo que é fruto de uma mera ilusão ou fantasia?”
Imagino que alguns podem pensar: “Mas eu não sou naturalmente visionário”. Ok, talvez você esteja certo. Em contrapartida, é importante saber que quase todo mundo passa a enxergar as coisas com maior clareza quando se dedica a isso. Isto é, busca compreender como os pontos de hoje se ligarão no futuro.
Kouzes e Posner nos ensinam, contudo, que ter senso de direção é só parte do caminho, a não ser que você viva como eremita em algum mosteiro. É que ao liderar outras pessoas, além de saber para onde ir, é preciso ser confiável a ponto de as pessoas optarem por segui-lo de boa vontade durante a jornada.
E é aí que reside um grande problema: inúmeros líderes têm baixa credibilidade. As pessoas simplesmente não confiam neles. E isso, em boa parte das vezes, é resultado de uma vida de incoerências. O discurso é diferente das ações. Falam em respeito, mas logo depois tratam mal as pessoas; ou, então, pregam planejamento e organização, só que a sua sala é uma bagunça generalizada.
Se você quer se tornar um verdadeiro líder, primeiramente busque um senso de direção para a sua vida e o seu trabalho. Só assim você não será movido pelas circunstâncias. E, enquanto isso, procure se tornar alguém confiável a ponto de as pessoas perceberem que vale a pena acompanharem os seus passos.
Ouça a entrevista sobre esse mesmo assunto que fizemos na coluna da rádio CBN: