A capacidade de conviver com paradoxos é uma das competências críticas que líderes precisam exercitar no mundo atual, tão marcado por ambiguidades. Contudo, nem sempre o sistema de crenças da pessoa permite a prática da “Genialidade do E” porque ele está comprometido com a “Tirania do OU“.
Viver a Tirania do OU é ser rígido na hora de tomar decisões, enxergando a vida como uma sucessão de trade-offs “ou isso ou aquilo”. Deixar de cogitar que, muitas vezes, duas opções contraditórias também podem ser simultaneamente benéficas e atraentes.
Alguns exemplos: “Você pode ter produtos de baixo custo OU qualidade”. “Devo ser um líder bonzinho OU um ditador”. “O negócio é investir no futuro OU se sair bem no curto prazo”. “Você pode ser um workaholic OU se divertir”. “É possível ter sucesso no trabalho OU uma família feliz”.
A Genialidade do E é exatamente o contrário disso. A habilidade de conciliarmos ideias opostas na mente, sem que ela sofra um piripaque. Como ensina o consultor Jim Collins: “É saber montar um ótimo lugar para trabalhar e ainda tirar as pessoas erradas. É unir criatividade e disciplina. É saber não abrir mão de certos princípios e produtos, mas por outro lado, abraçar as mudanças. É unir inovação e valores. Essa dinâmica é que faz as empresas durarem“.
Ao liderar com base na Genialidade do E, você acaba colhendo uma série de dividendos. Não encara problemas complexos tentando uma solução simplista. Deixa de ser intempestivo. Vive menos angustiado diante da incerteza. Tem um espírito conciliador em vez de buscar a confrontação. É alguém que usa o potencial criativo como nunca.
Depois da pandemia, não dá mais para encararmos o futuro dos nossos negócios por meio de questões reducionistas do tipo: “Invisto em e-commerce ou continuo focado na loja física?” Este tipo de pergunta só o leva à Tirania do OU. A realidade está mais para: “Como tenho sucesso no mundo digital e ainda mantenho a minha loja no shopping aberta?”
Portanto, o foco da sua atenção não se resume em fazer isso ou fazer aquilo. Simplesmente preferir amargo ou doce.
O sucesso de qualquer líder de agora em diante vai exigir uma mentalidade cada vez mais agridoce. Saber conviver com a dualidade em vez de, simplesmente, enfrentar
diários.
Já dizia o escritor norte-americano F. Scott Fitzgerald: “O teste para uma inteligência fora do comum é a capacidade de ter duas ideias opostas em mente ao mesmo tempo e ainda assim ser capaz de funcionar”.
Da próxima vez que você estiver entre uma boa alternativa e outra ótima, escolha as duas.