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A sabedoria da submissão consciente

Quando ceder é um ato de inteligência e não de fraqueza

A verdadeira sabedoria de um líder reside na capacidade de discernir aquilo que está sob sua influência e o que simplesmente precisa acatar. Como nos lembra aquela conhecida oração: “Concedei-me, Senhor, a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar as que posso e a sabedoria para distingui-las”.

A realidade do mundo corporativo e da vida como um todo é que você nem sempre tem a palavra final. Aliás, todos nós já sofremos as consequências de decisões tomadas pela alta direção da empresa, mudanças na economia ou regulamentações governamentais que foram impostas como um remédio amargo e indesejado.

E é claro que, nessas horas, você pode tentar resistir das mais variadas formas, indo da argumentação racional ao esperneio infantil. Porém, antes de criar oposição deve ponderar se a batalha em questão realmente merece ser duelada. Lutas perdidas de antemão apenas drenam a sua energia vital.

O princípio da submissão consciente não significa aceitar tudo sem questionamento e sim avaliar cuidadosamente se a resistência faz sentido. Diferente do conformismo passivo, que se caracteriza por uma aceitação resignada e sem reflexão, a submissão consciente envolve um processo ativo de análise e decisão sobre onde investir seus esforços de influência.

Durante a fase inicial de expansão do Nubank, David Vélez e sua equipe enfrentaram forte resistência dos bancos tradicionais e inúmeros obstáculos regulatórios no setor financeiro. Em vez de lutar contra um sistema consolidado e burocrático, a empresa aceitou as regulações e se adaptou às exigências legais, ao mesmo tempo em que focou em inovação e experiência do cliente. Resultado: transformou o mercado financeiro brasileiro.

“A verdadeira submissão vem da aceitação do momento presente e da liberação do ego. Não é uma rendição à força externa, mas uma rendição ao fluxo da vida.”
Eckhart Tolle, escritor e mestre espiritual alemão

Um gerente que precisa implementar uma diretriz do CEO com a qual não concorda pode optar por resistir e contestar a decisão abertamente, ou pode compreender que sua influência tem limites e focar em garantir que a transição ocorra da melhor forma possível para a equipe que lidera. Isso não significa abandonar sua opinião e sim reconhecer que o estresse e o desgaste de resistir bravamente àquilo que não exerce controle algum podem ser maiores do que os benefícios de uma oposição inflexível.

Essa mentalidade também se aplica a situações externas ao trabalho. Mudanças inesperadas na vida pessoal, problemas de saúde ou desafios familiares frequentemente fogem do controle de qualquer pessoa. Aqueles que aprendem a aceitar tais situações sem revolta ou sofrimento excessivo demonstram um tipo de liderança que vai além da esfera profissional: a liderança sobre a própria vida.

Portanto, a sabedoria de um líder está em equilibrar influência e aceitação. Saber quando persistir e quando recuar é uma habilidade rara, mas aqueles que a dominam são reconhecidos pela serenidade, pragmatismo e inteligência de concentrar esforços no que realmente faz a diferença.

Wellington Moreira

Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Como desenvolver líderes de verdade” (Ed. Ideias e Letras), “Líder tático” e “O gerente intermediário” (ambos Ed. Qualitymark).

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