Uma das coisas que mais prejudica o espírito de equipe numa empresa é o malfadado “nós-e-eles”. Aquela sensação que algumas pessoas têm de estarem rodeadas por gente que não medirá esforços para prejudicá-las, não lhes restando outro caminho senão buscarem apoio nos poucos que comungam de suas ideias. Aliás, é assim que surgem as panelinhas.
Mas, por que isso ocorre? São vários os motivos. Em indústrias, por exemplo, o simples fato de se estabelecer um padrão operacional distinto entre turnos de trabalho já é razão suficiente para incendiar quem se vê prejudicado. Da mesma forma que mudanças na política comercial são o estopim de inúmeros conflitos entre vendedores e o departamento financeiro da empresa.
Em todas as organizações existem disputas pelo poder, mas em algumas delas – por falta de bom senso ou clareza sobre o que é importante de verdade – todos acabam perdendo, mesmo sem perceberem. Não se dão conta das perdas de uma “empresa rachada”.
O campo de batalhas
Concordo que é da natureza humana ser competitivo, no entanto você precisa ajudar as pessoas da sua empresa a canalizarem a energia delas para a conquista do mercado lá fora, em vez de praticarem “fogo amigo”. Batalhas entre áreas e tempo gasto com picuinhas só interessam a seus concorrentes.
O estranho é que, em vários casos, a própria cultura corporativa promove o “nós-e-eles”. Falar mal dos outros é praticamente um esporte em algumas companhias, já que ninguém parece se importar com quem é maledicente.
Se você ocupa um papel de liderança precisa pensar bem no que fala para a sua equipe. Expressar a insatisfação sobre o trabalho de outros gestores para quem nem sempre sabe filtrar aquilo que você diz é o mesmo que convidá-los a comprar a sua briga. Resultado: as diferenças entre duas pessoas passam a ser de dezenas.
E algo muito importante: não ignore o potencial de destruição de quem adora exercer influência negativa sobre os demais. Esse tipo de pessoa, mesmo quando não tem autoridade formal, destrói o espírito de equipe sem que você se dê conta dos estragos que ele faz.

A boa notícia é que algumas ações de curto prazo são eficazes no combate ao “nós-e-eles”:
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Dê atenção aos líderes, de forma que eles compreendam a interdependência entre as áreas e transmitam isso para as suas equipes.
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Mostre, por meio de exemplos simples e práticos, como cada departamento pode contribuir para o alcance dos objetivos corporativos.
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Enriqueça a experiência do “nós”, celebrando as pequenas conquistas que a empresa obtém no dia a dia, como um novo cliente que fez seu primeiro pedido.
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Estimule a troca de experiências entre áreas e o compartilhamento de boas práticas.
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Dê atenção especial à integração dos novos colaboradores a fim de promover o engajamento emocional deles desde o início.
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Blinde seus colaboradores de quem gosta de provocar discórdia.
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Promova eventos de confraternização com o propósito de reforçar o sentimento de pertença entre os colaboradores.
Uma empresa integrada e repleta de pessoas satisfeitas por fazerem parte do time não é algo que acontece por acaso. É, sim, o resultado de um belíssimo trabalho de gestão.