É comum que empresas em trajetória de crescimento exponencial passem por inúmeras mudanças disruptivas, como a necessidade de ingresso em novos mercados, a aquisição de concorrentes menos ágeis ou, até mesmo, a fusão com outra companhia. Em todos esses casos, uma coisa é certa: precisam contar com gestores que estejam à altura do desafio.
O problema é que, às vezes, o líder à frente do negócio acaba sendo o principal entrave para o progresso. A companhia cresce mais rápido do que a capacidade que ele tem de absorver as transformações pelas quais passa o seu próprio papel de gestão.
O fato é que muitos deles mantêm o mindset de dono. Conservam os mesmos valores e práticas de quando a empresa tinha um porte bem menor. Tentam dirigir um caminhão rodotrem de nove eixos da mesma forma que guiavam o seu primeiro fusquinha.
Na prática, sabemos que qualquer empresário se tornou um executivo de verdade, superando o mindset de dono, quando evita cinco comportamentos:
1) Microgerenciamento
Donos querem ter o controle de tudo, intrometendo-se no trabalho da equipe. Não dão espaço de autonomia para os liderados, sufocando-os. Prendem-se a detalhes como, por exemplo, exigir a leitura de um e-mail antes de ele ser enviado. Enquanto isso, executivos se preocupam em delegar tarefas, pois sabem que um bom trabalho não pode depender da sua onipresença. Entendem que precisam controlar os resultados e não as pessoas que trabalham no time.
2) Gestão do tempo equivocada
Por conta do microgerenciamento, donos também costumam trabalhar de forma atropelada. Estão sempre atrasados e esbaforidos, aplicando boa parte do seu tempo em coisas sem importância. Por outro lado, executivos focam a energia nas tarefas críticas do papel que exercem. Não necessitam se sentir ocupados só para dizer a si mesmos – e aos outros – que estão trabalhando.
3) Linguagem agressiva
Quando pressionado, o dono geralmente não tem equilíbrio emocional, agindo de maneira grosseira e desrespeitosa com as pessoas. Diante de um conflito, tenta ganhar a discussão no grito. Já executivos experientes sabem que o autocontrole é crucial em sua posição. Por isso, procuram ser ponderados e se comunicar de modo assertivo.
4) Dificuldade de confiar nas pessoas
Outro problema do dono é que ele demora a confiar. São comuns as histórias de empresários que só entregam uma cópia das chaves do escritório para os gerentes depois de provas de fidelidade. Mas, executivos têm uma crença diferente: eles preferem confiar primeiro. Aprenderam que o preço da desconfiança é muito alto para quem está no topo e precisa contar com o apoio de muitas pessoas para o negócio prosperar.
5) Agir como se a firma fosse uma extensão da casa
Donos entendem que a empresa existe para satisfazer as necessidades pessoais deles. Por isso, faz retiradas do caixa para pagar a viagem da família, manda o auxiliar de serviços gerais cortar a grama da sua residência no meio da tarde, rotineiramente pede para algum funcionário pegar o seu filho na escola etc. Executivos acionistas sabem que não podem ficar se servindo da empresa a toda hora, nem fazendo dela uma extensão da moradia.
Alguns negócios, apesar de promissores, deixam de crescer porque são gerenciados por donos. Outros crescem com solidez exatamente pelo fato de que executivos de verdade estão à frente das coisas.