Depois que o smartphone se transformou em um objeto onipresente na vida da maior parte das pessoas, ficou mais complicado separar o que é horário de trabalho e horário de folga. Aliás, esse é um dos muitos traços da nossa sociedade atual: podemos ser requisitados a qualquer momento.
Mas não é todo mundo que lida bem com o fato de seus clientes entrarem em contato com eles às 7h15 da manhã, no fim da noite ou então no sábado à tarde. E a ausência de uma fronteira clara entre o que é horário de trabalho e o que não é afeta até mesmo quem, pela profissão que exerce, deveria compreender que “ficar de plantão” é normal.
O propósito de cada profissão
Pouco antes de o nosso primeiro filho nascer, eu e a minha esposa começamos a busca por um pediatra que, dentre outras virtudes, se mostrasse disponível. Como pais de primeira viagem, isso era importante para nós. E logo que fomos visitar o médico que amigos nos recomendaram, ouvimos dele: “Vocês até podem me ligar depois das 18h, mas eu não vou atender a chamada”. E completou: “Quando o bebê não estiver bem, levem direto no pronto-socorro”. Naquele momento tivemos a certeza de que ele não era quem procurávamos.
Alguns profissionais podem – e devem – restringir seu horário de atendimento, mas outros trabalham justamente com demandas que precisam ser respondidas no curtíssimo prazo. Esse é o caso de médicos pediatras, afinal bebês não escolhem o dia e nem a hora para adoecerem.
Corretores de imóveis e de seguros também costumam atender clientes após as 18h ou nos fins de semana. Chaveiros realizam boa parte do trabalho quando estamos descansando. E você já imaginou se o dono de uma funerária se recusasse a prestar serviços às 3h da manhã?
Excesso de disponibilidade
É claro que estar disponível a maior parte do tempo causa chateações. Você está numa festa com amigos, o telefone toca e tem de sair correndo para atender a emergência. Mas se a sua profissão exige isso de você lembre-se de que são “ossos do ofício”.
Por outro lado, algumas pessoas têm se mantido disponíveis o tempo todo porque não estabelecem limites. Ainda que recebam contatos no fim de semana, poderiam respondê-los na segunda-feira sem problema algum.
Como nossos smartphones tem inúmeros aplicativos para envio de mensagens instantâneas, ninguém mais precisa saber o número do seu telefone para contatá-lo. Isto é, você não está mais blindado da abordagem de pessoas que nunca viu na vida, principalmente quando navega tranquilo nas redes sociais e todos sabem que está on-line.
Nessas situações, uma recomendação: ainda que você não queira falar com a pessoa na hora, pelo menos dê um sinal de vida. Diga que está ocupado e que, assim que possível, retornará o contato. Esse simples follow-up faz uma diferença enorme para a pessoa que espera a sua atenção e também não exige muito de você.
Mas, se for do tipo de pessoa que não suporta ser interrompido quando está fora do trabalho e não perde muita coisa tomando esse tipo de decisão, então a saída é ter um número de telefone pessoal e outro profissional, desligar a internet ou, ao menos, silenciar o smartphone quando está aproveitando a sua merecida folga.