Hernán Cortez foi um conquistador espanhol do século XVI que ficou conhecido pelo alto grau de ambição e coragem. E um dos exemplos ilustrativos que reforça esses atributos aconteceu durante o desembarque em terras mexicanas da pequena esquadra que ele conduzia.
Assim que percebeu o temor dos seus homens em ter de enfrentar os indígenas astecas, Cortez já ordenou: “Todo homem medroso volte embarcado para Cuba”, que era o lugar de onde haviam saído. E pouco depois, diante do silêncio de todos, ele exigiu: “Agora, queimem os navios!”
Foi aí que seus homens entenderam que não havia chance alguma de recuar. Ou venciam ou morriam. E o resultado é que conquistaram o México, mesmo enfrentando um exército de astecas muito maior.
Historiadores costumam explicar que ao verem os espanhóis dispostos a ir até as últimas consequências, os indígenas se sentiram desmoralizados, preferindo bater em retirada. Ou seja, a determinação de Cortez em lutar foi crucial para a vitória.
Em nosso tempo, “queimar os navios” significa deixar para trás a zona de conforto e a vontade humana de retroceder quando o desafio parece ser grande demais. Como escutei certa vez, é trancar as portas pelas quais você já passou e jogar a chave fora.
“Queimar os navios” também diz respeito à coragem de abandonar aquilo que deu certo no passado. É abrir-se para o novo e todas as incertezas que vêm junto com ele. Desapegar-se das coisas que somos tentados a carregar sem necessidade alguma.
Às vezes encontro pessoas que almejam dar uma guinada em suas carreiras e, para isso, precisam abandonar a estabilidade do serviço público ou um emprego de dez anos, por exemplo. Porém, elas permanecem inertes atormentadas pelo medo do desconhecido: “E se as coisas derem errado e eu me arrepender?”
Em contrapartida, quando pergunto para alguém bem-sucedido o que ele acredita que foi crucial para o seu êxito, é comum a pessoa me dizer: “Eu simplesmente me coloquei em uma situação na qual não havia saída. Pus na cabeça que tinha de dar certo e nem cogitei uma outra possibilidade”.
É claro que precisamos ter um plano B em várias situações da vida, mas não seja como aquele tipo de pessoa que, diante de um aperto, logo prefere dar “marcha-ré” covardemente, em vez de perseverar. Ampliar as alternativas de escolha é bem diferente de já começar algo acreditando que vai dar errado.
E, por fim, outra questão interessante dessa passagem de Hernán Cortez é que ela revela um líder confiante e inspirador. Apesar de Cortez ter ficado marcado na História como um explorador implacável, não podemos esquecer que era um homem disposto a correr os mesmos riscos que os seus comandados. Suas palavras não eram vazias.
E você, quais “navios” ainda precisa queimar?