No mundo corporativo atual, repleto de inovações, tecnologias de ponta e metodologias complexas, é fácil se perder na busca por soluções mirabolantes que prometem transformar tudo de um jeito mágico. E, ao mesmo tempo, ignorar o que realmente funciona: o básico, o simples, o elementar.
Voltar ao básico não significa descartar o novo e sim reconhecer que, por trás de todo sucesso empresarial duradouro, existe uma gestão sólida, valores claros e uma execução impecável daquelas melhores práticas que todo mundo já ouviu falar em algum momento.
Um exemplo clássico de como o simples pode ser poderoso vem do esporte. John Wooden, um dos mais renomados treinadores de basquete de todos os tempos, conhecido por liderar a equipe da UCLA a dez campeonatos da NCAA em 12 anos, tinha um método peculiar que ilustra bem essa abordagem.
No primeiro treino de cada temporada, Wooden não ensinava táticas avançadas ou jogadas complexas. Em vez disso, ele começava mostrando aos jogadores a maneira correta de calçar as meias e amarrar os tênis. Pode parecer trivial, mas sua lógica era inquestionável: sem os pés bem cuidados, seus jogadores não poderiam se movimentar adequadamente, tendo o desempenho afetado. Esse pequeno detalhe era a base da cultura de excelência que ele buscava incutir em cada treino e jogo.
Nas empresas, o mesmo princípio se aplica. Muitas vezes, a solução para um problema não está em adotar uma nova tecnologia ou implementar um processo complexo, mas sim em retomar fundamentos que foram esquecidos ou deixados de lado. Isso pode significar uma comunicação interna mais transparente, a excelência no atendimento aos clientes ou produtos e serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade.
Há ainda outro aspecto essencial no back to basics: clareza e simplicidade trazem foco. Em um ambiente empresarial onde muitas vezes nos vemos sobrecarregados com múltiplas tarefas e objetivos conflitantes, simplificar pode ser a chave para destravar o verdadeiro potencial das pessoas. Como sabemos, quando os colaboradores entendem claramente o que se espera deles, a produtividade e a satisfação com o trabalho aumentam na mesma hora.
Além disso, soluções simples são frequentemente mais sustentáveis a longo prazo. Enquanto processos complicados tendem a criar ineficiências e falhas, respostas pautadas em princípios são mais fáceis de replicar e adaptar ao longo do tempo por terem sido construídas sobre alicerces sólidos.
O apelo para voltar ao básico, portanto, é um convite para que líderes e equipes se perguntem: “O que realmente importa aqui? O que estamos tentando alcançar, e qual é o jeito mais direto e eficiente de chegar lá?” Muitas vezes, a resposta aos desafios que enfrentamos não vem do extraordinário, mas de algo simples que talvez tenha sido esquecido ao longo do tempo.
Antes de correr em busca da próxima grande novidade ou solução milagrosa, recorde o ensinamento do físico e astrônomo inglês Isaac Newton, que no século XVII já dizia:
A verdade é sempre encontrada na simplicidade, e não na multiplicidade e confusão das coisas”.