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Você está mesmo preparado para tudo?

Nossa vida é repleta de imprevistos, por isso é fundamental avaliar as possibilidades existentes e criar planos de contingência para evitar surpresas desagradáveis
Construímos cenários baseados em nossa capacidade de compreensão dos sistemas em que estamos inseridos, mas há outros fatores que podem nos afetar.

Você é daqueles profissionais que diz estar sempre preparado para tudo? Tenho ouvido isso de muitas pessoas, mas já pude constatar que a maioria delas pensa que, para alcançar o resultado esperado, basta se esforçar um pouco e fazer apenas o que aparentemente precisa ser feito. O problema é que, de forma geral, elas não se preparam para o inesperado.

Nossa vida é repleta de imprevistos, por isso é fundamental avaliar as possibilidades existentes e criar planos de contingência para evitar surpresas desagradáveis no futuro. Você deve conhecer alguém que arriscou a compra de um imóvel ou veículo novo e, pouco tempo depois, perdeu o emprego. Será que esse risco não existia ou apenas não foi levado em conta? Não estou propondo que você seja pessimista, apenas que confronte a realidade, considere todos os cenários e se prepare para eles.

O segredo é estar bem preparado

Michael Phelps, nadador norte-americano e recordista olímpico, conta em sua biografia, publicada em 2009, que aprendeu com seu técnico Bob Bowman algumas lições que jamais esquecerá e que fizeram a diferença em sua carreira. Em 2007, na final do mundial de natação de Melbourne, na Austrália, os óculos de Phelps começaram a encher de água, deixando-o completamente sem visão. Mesmo assim, o nadador conquistou a medalha de ouro e o recorde mundial na prova.

Mas, como ele fez isso? Por orientação de Bowman, Phelps treinou muitas vezes no escuro e aprendeu a dimensionar a piscina por meio da contagem das braçadas. Ou seja, estava preparado para fazer o trajeto independentemente de enxergá-lo ou não.

Treinar muito e projetar os piores cenários são atitudes que levam o nosso cérebro a se preparar melhor para situações desafiadoras. Os treinamentos aplicados pelos exércitos, por exemplo, costumam levar os soldados à exaustão e trabalhar com os maiores medos, já que a vida deles é colocada em jogo durante as batalhas e qualquer tomada de decisão equivocada pode ser fatal.

Visão além do alcance

No mundo corporativo, também deveríamos desenvolver uma visão mais ampliada das possibilidades. Mas não se preocupe. Você não precisa passar por um treinamento militar para saber lidar com imprevistos. O simples hábito de simular cenários é capaz de transformar a incerteza total em incerteza parcial, reduzindo as chances de erros na tomada de decisão.

Além disso, procure se antecipar. Se há alguma situação que envolva risco iminente, procure tratá-la antes que o problema venha à tona.

Também adote a postura de se questionar várias vezes “e se…”, olhando para todos os fatores que possam interferir diretamente no resultado. Mas não se contente com a primeira resposta, sua visão pode estar viciada e iludi-lo.

Errar por omissão ou por descaso?

É claro que, no meio de tudo isso, existem acontecimentos de baixa probabilidade e com alto impacto que são quase impossíveis de serem previstos. Neste caso, o melhor a fazer é se preparar para o pior cenário.

Você pode estar se questionando se é viável passar a vida inteira se preparando para várias coisas que talvez nunca ocorram. Tudo certo se você prefere arriscar! A minha pergunta é: “Será que vale a pena errar por omissão ou descaso?”

Jamais estaremos preparados para tudo. Construímos cenários baseados em nossa capacidade de compreensão dos sistemas em que estamos inseridos, mas há vários outros fatores que podem nos afetar, como lembra o escritor Nassim Taleb no livro “O cisne negro”. Lidar com o imponderável que nos afeta positiva ou negativamente é parte do jogo. O que não podemos é ser pegos de surpresa por algo que estava diante dos nossos olhos e insistíamos ignorar.

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