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Planos não precisam ser executados à risca

A capacidade de adaptar-se a mudanças inesperadas é tão importante quanto o esforço de tirar as ideias do papel

Em projetos de Planejamento Estratégico (PE) nas empresas sempre lembro os líderes de que o resultado desse tipo de trabalho é mais parecido com uma bússola do que um mapa. Ele aponta o norte, mas não desenha o terreno com todos os seus detalhes, inclinações e obstáculos inesperados.

Na prática, a eficácia de um plano está menos em prever o futuro com exatidão e mais em estabelecer um ponto de partida e os possíveis caminhos a serem trilhados. Um princípio que, embora possa frustrar os que se apegam à execução exata do que foi projetado, é essencial para desmistificar a ideia de que um plano não seguido à risca é um plano ruim.

Apenas 10% a 30% dos PEs são executados da forma como foram desenhados originalmente. Isso ocorre porque, no momento em que eles são criados, inúmeras variáveis desconhecidas ou impossíveis de prever ainda estão fora do radar. Como, por exemplo, crises econômicas, guerras, avanços tecnológicos disruptivos e o próprio comportamento humano.

Estudos do Project Management Institute (PMI) mostram que um percentual de 70% de acerto na execução de um plano já pode ser considerado excelente. Esse índice reflete o quanto o PE tem mais a ver com direcionamento e adaptação do que com precisão. A lição é clara: até mesmo planos parcialmente executados podem levar a resultados extraordinários.

Outro ponto fundamental é prever margens de erro. Segundo a McKinsey & Company, empresas que revisam seus PEs regularmente — ajustando-os em ciclos curtos de execução, como acontece em metodologias ágeis — apresentam 30% mais eficiência em atingir seus objetivos. Ou seja, planos que consideram cenários alternativos e estabelecem a possibilidade de correções de rota tendem a ser mais bem-sucedidos.

Quando o YouTube foi fundado, em 2005, a ideia era criar uma plataforma de encontros on-line na qual os usuários enviassem vídeos se apresentando para possíveis pares, como uma espécie de Tinder. No entanto, o site não atraiu usuários para esse propósito e, percebendo que as pessoas estavam subindo conteúdos de todos os tipos, a equipe ajustou o plano e reorientou a plataforma para o compartilhamento de qualquer vídeo. Esse desvio do plano original não só salvou o projeto como transformou o YouTube em um dos maiores sites do mundo, hoje com mais de 2,5 bilhões de usuários ativos mensais.

Portanto, em vez de enxergar os planos como algo “escrito na pedra”, comece a vê-los como vivos, adaptáveis e sujeitos à revisão. E mais: a capacidade de fazer ajustes no meio do caminho para aproveitar oportunidades inesperadas é uma das maiores demonstrações de inteligência estratégica que você pode ter.

Um bom PE continua a ser indispensável para as companhias, mas vencer exige a habilidade de adaptar-se à realidade à medida que ela se revela. Como ensinava Dwight D. Eisenhower:

Nenhuma batalha foi vencida exatamente como planejada, mas nenhuma batalha foi vencida sem um plano”.

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